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Seja por influência dos pais, oportunidades ou necessidade, ao menos 80% da população está infeliz com seu emprego, de acordo com minha percepção pessoal. Desde cedo somos treinados para trabalhar. O tempo vai passando, a criança sonhadora cresce e o cenário vai mudando. Vem a pressão familiar, da sociedade e dela própria, que aprendeu que, ao sair do ensino médio, precisa saber o que fará pelo resto da vida. Além disso, a vida por diversas vezes força um caminho, formando mais um adulto que fez a faculdade que foi possível, na época que foi possível, e que está trabalhando com o que apareceu.
O tempo é o que temos de mais valioso. Por que gastá-lo com aquilo que não agrada? A obrigação de pagar contas e ganhar dinheiro não são suficientes para manter o foco necessário para uma vida profissional de sucesso. É incrivelmente difícil manter o foco em algo pensando que se está perdendo tempo.
A solução? Trabalhar com algo que gostemos. É por isso que vemos por aí autistas adultos em duas situações: Ainda dependentes dos pais na vida adulta, ou bem sucedidos naquilo que gostam de fazer.
Cada autista é um ser humano distinto, mas ao pensar em cada colega, cada história, cada desabafo desesperado, vejo este mesmo padrão.
Ao invés de tentar parar de fazer com que a criança fique “no mundo da lua” brincando com seus blocos, por quê não incentivá-la e guiá-la através do que ela gosta de fazer?
O hiperfoco do autista tem grandes chances de ser a base de sua futura profissão!
Meu blog atual e suas versões anteriores são fruto de madrugadas do ensino fundamental e médio nas quais eu passava estudando o código de outros blogs, juntando fragmentos de ideias para fazer o meu. Se me perguntar como eu ia em matemática, física ou química nesta mesma época, “calamidade” descreve.
Em 2006 eu já havia iniciado a jornada pelas linhas de código. Comecei a trabalhar com isso em 2017. Foi a saída que encontrei após anos dando de cara na parede tentando trabalhar com o “convencional”.
Sou autista, e hoje tenho 33 anos, 3 filhos e um relacionamento.
São 33 anos em que falhei tentando entrar no mercado de trabalho convencional. Foram anos de frustração pessoal, crendo no próprio fracasso.
Meu desejo com este texto é mostrar que há uma maneira de autistas terem a chance de desempenhar um papel ativo na sociedade, encaixando-se no mercado de trabalho, e com isso tendo uma vida bem sucedida e feliz!
Incentivar desde cedo aquilo que se gosta é uma receita de sucesso para encorajar o autista a ir cada vez mais fundo. Esta é uma das chaves para trazer conhecimento, sabedoria e expertise naquilo que ele gosta de fazer.
Joana Scheer é designer, webdesigner e social media. Membro da Liga dos Autistas, Vozes do Autismo e administradora da página “Ela é Autista” no Facebook.