1 de setembro de 2022

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Não é segredo, e se você me lê há um tempo talvez saiba, que a falta de diagnóstico e de entendimento de pessoas pretas neurodivergentes é um problema que nos assombra. Primeiro, porque nós podemos ser submetidos a tratamentos e soluções violentas para o que nos cerca. 

No mundo da música e da arte são muito comuns as historias de artistas negros “exóticos”, ou que, por qualquer sinal fora da “tal da normalidade”, sejam associados ao consumo excessivo de drogas ou a representações bem estereotipadas. Essa distorção é outro ponto naquilo que a população negra sofre por conta de uma história de negligências e violências. 

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E eu quis construir uma lista de “artistas neurodivergentes pretos” que foram respeitados em sua complexidade e, ainda assim, se sobressaíram em sua arte.  Essas foram as sugestões que  encontrei no Google: nada! E talvez o dia de hoje seja pra gente refletir sobre esses estereótipos que nos cercam.

Mas, quando busquei sobre “artistas neurodivergentes”, ao colocar as palavras chaves no Google, o buscador me deu uma gama de artistas, na sua maioria brancos exóticos. O que não me surpreendeu, mas me fez refletir em o quê Jimi Hendrix se difere de Syd Barrett (Pink Floyd), uma vez que há rumores e suspeita de Barret ter sido neurodivergente, mesmo após a sua morte, enquanto nosso gênio das guitarras, Jimi Hendrix, fica com a fama de “drogado e pervertido”, quando há apenas rumores, após a sua morte também. Mesmo mudando o rumo da música, nosso legado sempre vai tentar ser apagado, por rumores baseados em estereótipos. 

Que a gente repense e reflita sobre como tratamos os nossos artistas pretos, que podem ser neurodivergentes, e que possamos não reforçar esses estereótipos marginalizantes sobre quem somos.

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É autista, mãe do Luiz (autista) e da Elisa, professora da Rede Estadual de São Paulo. Ativista pela neurodiversidade e membro da ABRAÇA. Atua nas redes falando sobre a relação entre a luta antirracista e anticapacitista.

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