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Tudo Que Quero conta a história de Wendy, uma jovem autista que mora em uma casa de cuidados, onde foi colocada por sua irmã Audrey para tentar fazer progresso por terapia, podendo um dia voltar a morar com a família. Wendy é apaixonada por Star Trek, e escreve um roteiro para uma competição de cinema. Quando o prazo para envio pelo correio expira, ela resolve entregar o roteiro pessoalmente no estúdio, pegando a estrada sozinha, e a história toma assim o formato clássico de um filme de viagem.
E como um filme de pé na estrada, o foco principal é nos diferentes personagens e situações que Wendy encontra durante sua jornada, como ela lida com tudo. Porém, neste caso, com o elemento de seu autismo influenciando cada cena. O filme procura explorar algumas diferentes situações que ocorrem como consequência da linha de raciocínio e comportamento de Wendy, seja pela hipersensibilidade (que infelizmente só é explorada em uma breve cena, sendo ignorada pelo resto do filme), seja pela sua inocência em interpretar as situações em que se encontra. No entanto, sendo uma dramédia com um quê de filme independente, Tudo Que Quero não chega a lugares realmente preocupantes com tais situações, mantendo-se na maioria das vezes em um território amigável e razoavelmente inofensivo.
A meta-narrativa consiste em o roteiro que Wendy escreveu narrar partes do filme usando a dinâmica da personalidade de Spock, de Star Trek, como uma moldura para apresentar a maneira de lidar com relações humanas, por pessoas do espectro autista. Algo que não é completamente novidade: Sheldon, de The Big Bang Theory, realiza um exemplo deste mesmo tipo de abordagem referencial. Porém, aqui, tal elemento é apresentado de maneira mais séria e fundamental para o desenvolvimento da personagem, em vez de para efeito cômico.
No entanto, boa parte da moldura da franquia de ficção científica Star Trek, embora claramente apresentada com carinho e amor pelo material que está referenciando, parece ter sido inserida para criar um encontro com um personagem mais perto do fim do filme. Chega a ser um pouco forçado, mas provavelmente a intenção é poder explorar a persona do ator que o interpreta, Patton Oswalt, um ícone da cultura nerd norte-americana.
A representação do espectro autista é razoável, não mostra Wendy como incapaz e nem retrata seu autismo como algum tipo de poder. É apenas parte de quem ela é, e isso molda sua vida e a vida daqueles à sua volta. Tanto a abordagem, como o filme em geral são leves e inofensivos, mas possuem seu charme.
Assista o trailer: