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Recentes pesquisas têm demonstrado que no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) há uma base genética que é moldada pelo ambiente resultando em uma variedade de manifestações clínicas e até o presente momento não há disponível um tratamento medicamentoso para sua cura.
Não existem drogas que possam tratar os déficits na interação e na comunicação e os comportamentos atípicos e interesses restritos, ou seja, não há um remédio para que a criança ou adulto com TEA aperfeiçoe a fala, a interação através do olhar ou que cure as estereotipias.
Cada indivíduo que apresenta autismo tem indicação de um plano individualizado de tratamento que leve em consideração as áreas cerebrais que estão mais prejudicadas, bem como suas habilidades e os diagnósticos associados. Em cada situação é preciso discutir em equipe interdisciplinar e com a família se há ou não a indicação da prescrição de drogas, pois há casos em que os pacientes podem se beneficiar do uso de medicações para tratamento de sintomas específicos, ou de diagnósticos associados, melhorando as respostas ao programa de estimulação.
Um exemplo de indicação formal de prescrição é aquela destinada para o tratamento de crises epilépticas. A prevalência de epilepsia é maior no autismo que na população em geral e esses pacientes necessitam do uso de medicações para o controle das crises.
Outra situação é quando o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade acompanha o TEA. Nesse caso, o uso de medicações que atuem nos circuitos cerebrais deficitários — a fim de aumentar a atenção e reduzir a hiperatividade — pode ser indicado.
Aqueles pacientes que apresentam depressão também podem se beneficiar do uso de antidepressivos como coadjuvante ao tratamento psicológico e adequação ambiental.
Outros comportamentos e diagnósticos associados podem demandar uso de medicações, como distúrbios gastrointestinais, distúrbios graves do sono, Transtorno de Ansiedade, Transtorno Opositor Desafiador, comportamentos de agressividade com situações de risco à integridade física do paciente, dentre outros.
Também é útil ressaltar a utilização de medicações na presença de outras doenças frequentes na prática clínica geral como as infecções bacterianas. Nestes casos é necessário levar em consideração as interações medicamentosas e dar preferência àquelas que não trazem mais prejuízos aos sintomas dos pacientes com TEA.
A prescrição do uso da medicação deve ser sempre discutida e monitorada. É importante levar em consideração a idade, o risco de dependência, a necessidade de exames complementares de acompanhamento, o binômio risco x benefício, a possibilidade de adesão do paciente, a resposta individual do paciente e os efeitos colaterais.
Portanto, não é todo paciente com diagnóstico de autismo que tem indicação para o uso de medicações. Os medicamentos devem ser utilizados quando há claros benefícios à saúde e melhoria das respostas às terapias.