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Como todos (eu acho) devem saber, os autistas processam os estímulos sonoros e visuais de maneira diferente: ou são mais sensíveis a eles ou mais resistentes, varia de autista para autista.
No meu caso, eu sou hipersensível aos estímulos tanto sonoros quanto visuais e há lugares que eu não consigo ou tenho extrema dificuldade para ir e permanecer como, por exemplo: shopping centers, praças de alimentação, lojas, ou quaisquer lugares com muitas pessoas e muitos ruídos.
Por meio do autoconhecimento, aprendi que não posso colocar em “mute” o mundo todo, mas posso reduzir os seus efeitos sobre mim. Criei estratégias para amenizar os efeitos que tais estímulos me causavam: sempre estou com fones de ouvido ou protetor auricular (não deixa totalmente silencio so, mas reduz drasticamente os ruídos), procuro usar óculos escuros em ambientes muito iluminados ou com muita carga visual e, como apoio, alguns brinquedinhos que possam me desfocar do meu entorno (STIMS), tais como: “tangle”, bolinhas (que eu possa apertar; com luzes; aquelas de shopping), um mordedor infantil, dentre outros objetos que auxiliem, de alguma maneira, a minha autorregulagem (sair desse mar de estímulos em que me encontro).
Ter aprendido a, de certa forma, manipular o meu entorno, tem me proporcionado uma qualidade de vida um pouco melhor e, consequentemente, evitado ou tardado as crises. Antes de entender o gatilho delas, essas crises eram muito frequentes e, obviamente, prejudicavam muito o meu funcionamento em sociedade. Ao criar estratégias para me “blindar”, eu consegui aprender a conviver de maneira um pouco mais harmoniosa em sociedade, que é, para mim, extremamente caótica quase o tempo todo.
Aline Timm Rufino Caneda, 27 anos, reside em Santa Maria (RS), cursa pedagogia na UFSM e faz parte da Liga dos Autistas.