21 de fevereiro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Movimentos repetitivos no autismo são um tema recorrente e controverso. Segundo a literatura médica, as estereotipias são movimentos repetitivos que as pessoas autistas têm. E eles podem envolvem questões motoras mais evidentes, como balançar a mão com com alta frequência. Aliás, eu mesma fazia isso direto quando era criança.

O que são movimentos repetitivos no autismo?
Também, essa característica pode se apresentar de modos mais sutis. Ou seja, ela pode aparecer de maneiras mais adaptáveis ao convívio social. Mas que nem por isso deixam de se enquadrar em tal conceito. Este seria o caso, por exemplo, de uma pessoa que tem um hábito muito grande de fumar ou beber.

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Acontece que, à medida que a gente caminha nos estudos sobre o autismo, mais certo fica o entendimento contrário àquela discurso inicial. Ou seja, de que as estereotipias não eram algo funcional. E que, portanto, essas características deveriam ser eliminadas para que a pessoa tenha um convívio social adequado.

Funcionalidade dos movimentos repetitivos no autismo

Esta noção vem caindo por terra, embora ainda haja pessoas que tenham essa leitura. E até profissionais que repercutem algo tão defasado. Aliás, stim é o termo utilizado por vários grupos próprios autistas, em vez de estereotipia. Afinal, dá a conotação de movimento regulatório. Ou seja, nesta perspectiva, o stim tem sim uma função.

Imagina como é você interagir com dor de cabeça? Neste caso, você precisa de um remédio. Mas a pessoa autista não vai precisar somente da medicação. Aliás, em alguns casos ela necessita do uso de medicamentos controlados. Porém, ela pode precisar também dessa auto regulação motora.

Portanto, o stim é o que vai ajudá-la a processar os estímulos. Estes podem ser cognitivos, sociais ou sensoriais. Mas, para a gente, este processamento vem em intensidade peculiar.

Como lidar com movimentos repetitivos no autismo?

Agora, há situações em que esses movimentos devem ser removidos. E como? Essa necessidade vem em dois casos. Inclusive, um deles é quando a funcionalidade do indivíduo autista é prejudicada por causa de um desses comportamentos. Então, no cotidiano, pular repetidas vezes pode ser uma atividade que, de tanto tempo que o autista gasta com ela, toma uma parte preciosa do tempo que ele poderia estar gastando com uma atividade que precise realizar. Mas, até neste caso é necessária uma avaliação atenta.

Por exemplo, quando corro pelos corredores de casa ao som de determinadas músicas, a minha criatividade como escritora flui com maior facilidade. Assim, o stim torna-se um aliado muito mais efetivo do que algumas estratégias para focar que são melhor aceitas como hábitos pelas pessoas em geral.

Também, há o caso de quando o movimento regulatório torna-se prejudicial à saúde do indivíduo. Por exemplo, um grito terrível que a pessoa tem, uma risada muito escandalosa, ao ponto de machucar as cordas vocais.

Enfim, estas são as duas situações nas quais o stim deve ser dizimado. Porém, esta mudança de comportamento deve ser realizada por um profissional competente e cuidadoso. E jamais de maneira agressiva ou até violenta, como existem relatos de terapias antigas que ainda vemos resquícios hoje. Mas, principalmente com o diálogo, entre o saber médico, o saber científico e o saber empírico.

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Jornalista, escritora, apresentadora, pesquisadora, 24 anos, diagnosticada autista aos 11, autora de oito livros, mantém o site O Mundo Autista no portal UAI e o canal do YouTube Mundo Autista.

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