6 de março de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Autismo e hormônios

No último dia 19 de fevereiro, o Psyblog publicou uma notícia sobre o resultado de uma pesquisa originada em 2014 pelo renomado cientista Baron-Cohen, relacionada ao gênero no TEA. O estudo mostra que meninos que desenvolveram autismo tinham altos níveis de esteróides ainda no útero.

O achado se baseou na amostragem de líquido amniótico (arquivado em um banco biológico na Dinamarca) de 19,500 mulheres que, previamente, haviam feito amniocentese durante as semanas 15-16 da gestação – em outro estudo de Baron-Cohen, iniciado em 2014, para distúrbios do desenvolvimento. 

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As amostras foram aplicadas a 128 meninos que desenvolveram autismo, nos quais havia níveis elevados de 4 “esteroides de gênero”: progesterona, 17a-hidroxi-progesterona, androstenediona e testosterona. 

Segundo Baron-Cohen, “Este é um dos primeiros biomarcadores não genéticos que foram identificados em crianças que desenvolvem autismo.

Anteriormente, sabíamos que a testosterona pré-natal elevada está associada a um desenvolvimento social e de linguagem mais lento, melhor atenção aos detalhes e mais traços autistas. Agora, pela primeira vez, também mostramos que esses hormônios esteróides estão elevados em crianças clinicamente diagnosticadas com autismo.

Como alguns desses hormônios são produzidos em quantidades muito maiores em homens do que em mulheres, isso pode nos ajudar a explicar por que o autismo é mais comum em homens.”

Colaborador do mesmo estudo, o Dr. Michael Lombardo ressalta o fato desta pesquisa estar em linha com achados em pesquisas recentes que apontam as 15 semanas de gestação como período crucial onde importantes mecanismos de riscos genéticos para TEA estão sendo processados no cérebro em desenvolvimento. 

Cautelosamente, Baron-Cohen avisa que os encontrados não devem ser considerados uma razão para a utilização de bloqueadores de hormônios esteroides como tratamento, pois isso pode ter efeitos colaterais indesejados e pode ter pouco ou nenhum efeito na mudança dos efeitos, potencialmente permanentes, que os hormônios esteróides fetais exercem durante os estágios iniciais do desenvolvimento cerebral. Segundo o cientista, o valor dos novos resultados reside na identificação dos principais mecanismos biológicos durante o desenvolvimento fetal que podem desempenhar papéis importantes no desenvolvimento atípico do cérebro no autismo. 

CONTEÚDO EXTRA

Fonte: Psyblog — spring.org.uk

Link da pesquisa (pdf): https://rdcu.be/c6xHb

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Jornalista, mãe de um autista adulto, radicada na Holanda desde 1985, escritora — autora do livro Caminhos do Espectro (lançado no Brasil em dezembro de 2021) —, especialista em autismo & desenvolvimento e autismo & comunicação, além de ativista internacional pela causa do autismo.

Estudante autista é aprovado em primeiro lugar em História na UFAC

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