1 de maio de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Dizem que, quando nasce um filho, nasce também uma mãe.
E em certo ponto essa frase está correta.
Assim como o bebê recém-nascido precisa de cuidados, dedicação e ensino para o aprendizado frente ao novo mundo que lhe é apresentado, a mãe recém-nascida também precisa.
O fato é que muitas vezes essa mãe se vê sozinha, mesmo rodeada de gente.
Gente que se preocupa muito com a saúde e o bem-estar do bebê.
Mas quem se preocupa com a mãe? Com sua saúde e bem-estar?

Agora vamos falar da mãe atípica.
Aquela que se vê diante do desafio de um filho atípico ou, pelo menos, põe à tona a realidade quando o diagnóstico chega.
Essa mãe, então, precisa renascer!
Acontece que ela volta a precisar de apoio, cuidado, acolhimento.
E quando não os tem? É aí que nasce a mãe “guerreira”.

Publicidade
Matraquinha

A mãe guerreira nasce quando o médico lhe entrega o laudo diagnóstico. Quando lê os encaminhamentos e a carga horária de terapias. Quando se depara com a realidade cruel da saúde pública no Brasil, que negligencia a saúde mental em todas as suas vertentes. Que vê a necessidade de uma batalha administrativa e, por vezes, judicial contra as operadoras de saúde.
Ela nasce quando decide contar à família e aos amigos sobre o diagnóstico e escuta de tudo, menos o que precisava realmente ouvir.
Quando matricula seu filho na creche ou na escola e descobre, muitas vezes da pior maneira possível, que a inclusão não existe.
Quando passa noites em claro e se desdobra entre o cuidado do filho, da casa, do trabalho, entre a atenção ao esposo…
Mas quem cuida dela mesmo?
A mãe “guerreira” nasce do absurdo que se chama falta de rede de apoio.
Nasce da falta de empatia, de solidariedade.
Nasce do preconceito.
E renasce muitas vezes.
Mas a mãe guerreira está cansada, apática, triste e quem sabe até doente.
Mas e agora? Quem cuidará dela para que possa renascer tantas vezes?
Ou melhor, quem dera tivesse todo o apoio a ponto de não precisar renascer, mas sim apenas ser.
Somos guerreiras por precisão, não por opção!

Por Jeane Rodrigues
Conselheira Estadual de MG da ONDA-AutismoS, autista, mãe atípica, terapeuta e escritora.

COMPARTILHAR:

Organização Neurodiversa pelos Direitos dos Autistas

Autistas relatam consequências do bullying: ‘Eu tenho uma série de medos e ansiedade’

OAB-PI lança cartilha sobre direitos dos autistas

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)