3 de junho de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Primeiro recebemos a noticia da extinção da ação civil pública que, pelo Estado não abarcar a demanda de atendimento de autistas e suas famílias, custeava os tratamentos em parceria com instituições especializadas.

Agora, temos as muitas denúncias sobre os cancelamentos de planos de saúde de pessoas com doenças crônicas, como câncer, e tratamentos para autistas. Essa batalha não é recente. Vocês devem se lembrar das mães acorrentadas em frente à câmara dos deputados em Brasília em luta contra o rol taxativo da ANS.

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Para quem entende de números, a matéria abaixo mostra claramente que a preocupação dos planos de saúde está na DIMINUIÇÃO dos lucros. Quando se fala em prejuízo, na realidade, estão falando de QUEDA dos lucros, porém ainda com saldo positivo.

Trago aqui um trecho da matéria para deixar mais elucidado meu ponto de vista.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, no início da última semana, os dados econômicos financeiros do setor em 2022 e considerou que o ano se encerrou no “zero a zero”. Houve um lucro líquido de R$ 2,5 milhões, resultado bem inferior ao ano anterior. Em 2021, o lucro foi de R$ 3,8 bilhões. Já em 2020, o setor havia registrado um recorde, com o montante de R$ 18,7 bilhões.

O que significa lucro líquido? Segundo o Pic Pay, “enquanto o lucro bruto serve mais como um indicador de produtividade, o lucro líquido é o que o negócio realmente está ganhando ou perdendo em determinado período de tempo, após o pagamento de todas as despesas, incluindo impostos”.

Para resolver o problema da queda do lucro, planos de saúde resolvem (no meu ponto de vista, isso não é um fato comprovado) cortar custos. O que vão cortar? Extinguir planos e criar novos, mais caros, sem aviso prévio.

Está na literatura que Hans Asperger colaborou com o nazismo, legitimando publicamente as políticas de higiene racial. Quem quiser saber mais sobre quem foi Hans, sugiro o livro Crianças de Asperger.

Comparo aqui as ações atuais e as ações durante a segunda guerra por se tratarem de situações que ocorrem em comum acordo com seus contextos. Teoricamente coerentes com as premissas vigentes tanto econômicas quanto políticas, respectivamente. Podem estar dentro lei, confesso não ser conhecedora, mas chamo de crime moral.

O Brasil possui uma das maiores desigualdades econômicas e, um Estado que abandona seus cidadãos em diversas situações. Basta querer marcar uma consulta com psiquiatra pelo SUS ou ainda, um exame para confirmação de câncer de mama. Quem conseguir em um prazo mínimo de 30 dias, ganha um brinde. Os planos de saúde são a tábua de salvação de milhares de brasileiros para enfrentar diagnósticos crônicos. E agora estão à deriva.

Cheguei a ver processos em que os planos de saúde retiram as fotos das publicações das redes sociais das pessoas, para provar que estão bem financeiramente. Ora bolas, se eu pago meu plano, em nada isso significa que não possa usufruir minha vida como bem entender. Uma coisa é uma coisa, outra coisa, é outra coisa. Mesquinho, eu diria, aliás, digo.

Espero grandemente que nenhuma vida se perca enquanto essa batalha ganha volume no judiciário.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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