6 de julho de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Instigada pela resenha de Lucas Pontes há algum tempo sobre o livro “Why Johnny doesn’t flap” (Porque Johnny não balanças as mãos, encomendei o livro para saborear as lindas palavras de Clay Morton & Gail Morton, pais de um garoto autista.

Em total acordo com a resenha do livro feita  pela Arizona University, a beleza do livro está em não descrever o autismo pela sua ‘estranheza’ comportamental, mas pela visão de um garoto autista ao se relacionar com um garoto NT.

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Livro: Autismo — Não espere, aja logo!

Quando Johnny e seu amigo se deparam com algo excitante, como um carrinho de sorvete, por exemplo, ele descreve as expressões faciais de Johnny, mas ele pula. Estranha a falta de emoção do colega neurotípico diante de algo tão satisfatório: “ele não sabe expressar suas emoções”.

Pelo olhar de Clay e Gail Morton, o colega de  Johnny é um garoto que não compreende a falta de pontualidade do amigo, a falta de um real interesse por um assunto e ainda, pela total falta de rotina ao realizar suas atividades, mesmo de lazer.

Johnny é um garoto diferente de seu amigo, mas eles se dão bem.

Uma imagem de um cartaz de aula cancelada é descrito como um ‘desastre’, mas Johnny não tem um meltdown e, tudo bem: cada um lida com suas questões do seu próprio modo.

O livro traz a beleza da diversidade sem marcar as diferenças pelo lado típico, deixando claro que não se trata de características ou estereotipias, mas sim pelo modo como enfrentamos os desafios de nosso dia a dia.

Sentar sozinho durante o recreio e pensar nos comercias que gosta, nos jogos eletrônicos e nas mensagens gravadas de estações de metro, pode ser tão interessante quanto brincar com outros garotos. E, como a interação social pode também ser uma obsessão para alguns.

Why Johnny doesn’t flap” precisa ser traduzido e levado às escolas (diferentemente do outro livrinho infantil) para que as crianças comecem a entender que a diversidade faz parte do modo de ser das pessoas e que a aceitação da forma individual de cada um é a única saída para uma comunicação não violenta e de paz. Não se trata de “é meu direito pensar diferente”, trata-se de respeitar as diferenças humanas em suas diferentes formas de expressão e funcionamento. Respeitar profunda e genuinamente o outro como ele é.

Johnny não balança as mãos e “that’s OK”.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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