17 de agosto de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Recentemente o Senado Federal fez um post sobre o artigo 3º da Lei 13.185/15 de combate ao bullying elencando as diversas formas de agressão. O tema vem sendo debatido, escrito, estudado e publicado há décadas e ainda é um grande desafio em nossa sociedade.

Autistas de um modo geral são alvo certeiro dos bullies, jovens preconceituosos, muitas vezes com questões importantes de saúde mental e, não raramente, acostumados a diálogos segregacionistas nos diversos contextos que vivem.

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A Lei da campanha de combate é de 2015 e vem sendo retomada atualmente, pela gravidade da situação nas escolas, e você pode encontrar diversos vídeos para trabalhar nas escolas e, principalmente conversar com seu filho em casa .

Segundo o artigo 3º essas são as mais variadas formas de bullying:

“A intimidação sistemática ( bullying ) pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como:

I – verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;

II – moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;

III – sexual: assediar, induzir e/ou abusar;

IV – social: ignorar, isolar e excluir;

V – psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar;

VI – físico: socar, chutar, bater;

VII – material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem;

VIII – virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social.”

O bully, aquele que pratica o bullying, necessita de assistência, tanto quanto quem ele ataca.

As famosas frases, brincadeira de criança ou, na minha época isso não tinha nome, são formas de minimizar o problema que hoje atinge milhares de pessoas e tem aberto brechas para ataques às escolas, inclusive. Outra forma de amenizar fato tão grave é trazer o jargão à tona: cada um tem sua opinião e pode expressá-la. Claro, desde que não seja ofensiva e muito menos sistemática.

Para a turma de que bullying é mimimi, gostaria de salientar que esse é tipicamente o contexto que favorece ao bully sua justificativa para perseguir quem quer que seja. Traduzindo para o português, estamos falando de agressores e vítimas. Acredito que com essas palavras passaremos para um nível mais amplo de compreensão da gravidade do que estamos falando.

No Roda de Familiares de autistas do TEAMM-UNIFESP, temos conversado muito sobre assumir o diagnóstico ou não assumir publicamente. Entendo que em muitas situações, assumir um diagnóstico é receber um rótulo que irá lhe acompanhar para o resto de sua vida. Assim como seu nome, sua orientação sexual, sua identificação de gênero, a cor da sua pele, sua nacionalidade, suas características corporais, enfim, tudo sobre você. A diferença ao assumir o diagnóstico é que você deixa de ser “diferente”, “esquisito” e passa a ser quem você é.

Isso aplaca o agressor? Não, mas te fortalece.

Outro grupo que precisa ser fortalecido, é o das testemunhas. O código entre os alunos sobre não ‘dedurar ninguém’ precisa terminar quando falamos de agressores e vítimas. Testemunhas fortalecidas são uma importante proteção contra a violência sofrida pelas vítimas de perseguição, intimidação e humilhação.

Sim, bullying significa tudo isso.

Fortalecer a vítima, fortalecer as testemunhas, conversas em casa, denúncias e limite zero das escolas aos agressores são políticas que podem colaborar para a construção de uma sociedade menos violenta.

Estejamos atentos: o isolamento do autista, nem sempre é responsabilidade somente dele. O bullying social ocorre até mesmo quando você mãe, concorda com seu filho em não convidar o amiguinho para a festa de aniversário porque ele é diferente, está praticando e incentivando esse tipo de violência.

Não basta não praticar a violência, temos de denunciá-la.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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