1 de setembro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Dentro da neurodivergência, é comum que uma pessoa possua mais de uma condição, sendo a combinação de Autismo (TEA) e TDAH uma das mais frequentes. O TDAH é caracterizado por dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade, podendo ser diagnosticado na infância ou adolescência. Muitas vezes, adultos não diagnosticados enfrentam falta de tratamento e apoio devido à dificuldade de identificação precoce dos sintomas.

Uma avaliação clínica feita por especialistas é importante para definir se uma pessoa autista também possuí o TDAH. A avaliação de como as características do TEA e do TDAH se manifestam naquela pessoa também deve ser feita para poder compreender quais são suas necessidades de adaptações e desenvolvimento. 

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Para contribuir para uma boa qualidade de vida, uma pessoa autista com TDAH pode se beneficiar de terapias comportamentais, medicações, apoios e adaptações no ambiente de trabalho.

Hoje, o TDAH é entendido em diferentes formas: “apresentação combinada” (desatenção e hiperatividade/impulsividade) e “predominantemente desatenta” ou “predominantemente hiperativa/impulsiva”. A predominância se baseia na quantidade de traços, resultando em perfis diversos em autistas com TDAH.

Quanto à desatenção, é frequente a dificuldade em manter foco em tarefas prolongadas, sendo distrações por estímulos externos comuns. Organização, início e conclusão de atividades, bem como lembrar compromissos, podem ser desafiadores. Muitos adultos autistas com TDAH têm estratégias próprias, como fazer intervalos em tarefas longas e usar fones no trabalho presencial. Portanto, é importante compreender que essas adaptações são fundamentais para que ela possa trabalhar com mais tranquilidade e entregar com mais qualidade.

Em relação à hiperatividade e impulsividade, algumas pessoas têm dificuldades em esperar e respondem rapidamente a perguntas. Também experimentam inquietude e desconforto ao ficar paradas, tornando pausas, especialmente para movimentar-se, essenciais para gerenciar essas sensações.

Colegas e gestores podem contribuir significativamente. Ao enfrentar um projeto de longo prazo, é viável dividir em etapas menores para facilitar planejamento. Agendas virtuais formalizam acordos e servem como lembretes para reuniões. Aplicativos de gerenciamento de tarefas são valiosos para execução e monitoramento. Feedback estruturado da equipe de desenvolvimento e treinamento de habilidades sociais por mentores auxiliam na gestão do comportamento e ações profissionais.

Essas são estratégias simples e práticas, mas que podem fazer muita diferença para as pessoas neurodivergentes. Sabemos que ainda existem muitos desafios em todo o processo de inclusão e que a estrada parece longa. Porém, o primeiro passo que precisamos dar é assumir o compromisso a partir de uma pequena mudança na nossa forma de pensar ou de nos comportar. Quando assumimos o compromisso descobrimos que as vantagens com certeza excedem os desafios.

Juliana Fungaro

Atua como Coordenadora de Treinamento na Specialisterne Brasil na capacitação e preparo de pessoas autistas para o mercado de trabalho. Aluna de MBA em Gestão de Pessoas na USP/Esalq. Mestra profissional em Análise do Comportamento Aplicada pelo Paradigma Centro de Ciências do Comportamento e Psicóloga formada pela Universidade Mackenzie.

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