1 de dezembro de 2023

Tempo de Leitura: 3 minutos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, sediada na Geórgia, o número de autistas está na proporção de 1 para cada 36 pessoas. Os sinais desse transtorno do neurodesenvolvimento surgem na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, se manifestam nos primeiros anos de vida.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento social, comunicativo e comportamental, variando amplamente em seus sinais e intensidade. O acolhimento dessas pessoas é de extrema importância para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.

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É importante lembrar que o diagnóstico, essencialmente clínico, não é tão simples e pode demorar para que seja conclusivo. Mas esse não é o único ponto que precisa ser esclarecido. Pessoas com autismo também podem viver de forma independente. No entanto, intervenções psicossociais, tais como terapia comportamental e programas de orientações contínuas para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e de comportamento social e ter um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida de pessoas com autismo. Para fechar as condições favoráveis quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o acolhimento pela família e sociedade de uma forma ampla é fundamental para isso.

O diagnóstico precoce desempenha um papel fundamental no bem-estar e desenvolvimento das pessoas afetadas por essa condição. Logo abaixo, destaco algumas razões pelas quais o diagnóstico precoce do autismo é tão importante:

  • Desenvolvimento social e comunicativo: As intervenções precoces focam no desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas e comportamentais. Quanto mais cedo essas habilidades forem abordadas, maiores as chances de evoluções significativas;
  • Plasticidade cerebral: O cérebro infantil é altamente “plástico”, o que significa que ele tem a capacidade de se adaptar e remodelar em resposta a intervenções. A intervenção precoce aproveita essa plasticidade para promover um desenvolvimento mais saudável;
  • Redução de comportamentos desafiadores: Intervenções precoces podem ajudar a minimizar comportamentos desafiadores e repetitivos associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso não apenas melhora a qualidade de vida da pessoa com autismo, mas também facilita a interação com os outros;
  • Suporte para as famílias: O diagnóstico precoce fornece informações às famílias e opções de terapias disponíveis. Isso permite que os pais e cuidadores se preparem melhor para as necessidades da criança, reduzindo o estresse e a incerteza;
  • Inclusão educacional: Com um diagnóstico precoce, é possível adaptar os ambientes educacionais para atender às necessidades individuais da criança, facilitando a inclusão e a participação em ambientes escolares regulares;
  • Planejamento e resultados mais positivos de longo prazo: As famílias podem começar a planejar com antecedência as necessidades da criança, incluindo transições escolares, terapias contínuas e apoio para a vida adulta. Pesquisas mostram que crianças que recebem intervenção precoce geralmente apresentam resultados mais positivos a longo prazo em termos de habilidades sociais, linguagem, comportamento e independência;
  • Redução de custos sociais e financeiros: A intervenção precoce pode ajudar a reduzir os custos sociais e financeiros associados às terapias e apoio em estágios mais avançados da vida.

O diagnóstico precoce é fundamental para maximizar o potencial de desenvolvimento de uma criança e melhorar sua qualidade de vida. Quanto mais cedo as intervenções e os apoios apropriados forem iniciados, maiores serão as chances de sucesso na condução dos desafios associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Porém, é importante lembrar também que, mesmo que algumas pessoas com autismo possam viver de forma independente, outras exigem cuidados e apoio ao longo da vida. Isso pode impor uma carga emocional e econômica significativa para as pessoas e suas famílias. Conforme lembra a OMS- Organização Mundial da Saúde, cuidar de crianças em condições mais graves pode ser um desafio, especialmente onde o acesso aos serviços e apoio são inadequados. Por isso, empoderar os cuidadores e responsáveis é cada vez mais necessário e um elemento essencial nas intervenções terapêuticas para crianças nessas condições.

O acolhimento mais efetivo das pessoas com autismo favorece:

  • Construção de uma sociedade mais empática;
  • Potencialização de talentos: muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possuem talentos e habilidades específicas que contribuem para a diversidade e inovação;
  • Criação de redes de apoio: crucial para oferecer suporte abrangente;
  • Modelo para a educação inclusiva: criação de ambientes onde todas as crianças e jovens sintam-se bem-vindas e que tenham a oportunidade de aprender juntos.

A inclusão deve estar presente em todas as fases do desenvolvimento das pessoas neurodivergentes. O acolhimento efetivo requer educação, conscientização e esforços contínuos para criar ambientes onde todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, possam prosperar e contribuir para o bem-estar coletivo.

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Daniela Mendes é superintendente geral (CEO) do Instituto Jô Clemente (IJC), referência em deficiência intelectual, transtorno do espectro do autismo (TEA) e doenças raras.

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