6 de janeiro de 2024

Tempo de Leitura: 4 minutos

No cenário dinâmico da saúde e bem-estar, a prática do Pilates emerge como uma poderosa ferramenta de transformação, especialmente para aqueles que enfrentam desafios físicos. Em um mundo onde a inclusão é cada vez mais valorizada, o Pilates destaca-se como uma modalidade de exercício inclusiva e benéfica para pessoas com deficiência. Essa entrevista com a fisioterapeuta Talita Mariana de Carvalho, da clínica Kinesis Pilates de Curitiba, explora a relevância do Pilates como uma abordagem terapêutica e fortalecedora, revelando como essa prática milenar pode desempenhar um papel crucial na melhoria da qualidade de vida e na promoção da independência para indivíduos com diferentes tipos de deficiência, confira:

Como você descreveria a importância da fisioterapia para pessoas com deficiência física e intelectual? E qual é a relevância da abordagem do Pilates na reabilitação desses pacientes?

Publicidade
Genioo

A fisioterapia auxilia a potencializar suas qualidades com exercícios específicos para cada tipo de pessoa, ajuda na melhora do bem-estar, físico e mental, além da junção de todos os princípios que o método nos traz levando a uma fluidez em determinados movimentos, até mesmo nas atividades de vida diária (AVD´s).

O pilates tem uma abordagem um pouco diferente da fisioterapia convencional pelos equipamentos que utilizamos e o método é baseado em 6 princípios que também utilizamos durante os atendimentos, sendo a concentração, respiração, centro de força, controle, precisão e a fluidez. . Para as pessoas com deficiência física e intelectual, ajuda a se concentrar, entendendo como os músculos estão sendo utilizados, trabalhando a respiração que ajuda a diminuir a ansiedade e o centro de força que ajuda a realizar movimentos para as AVD’s.

Temos o controle como princípio também, o nome já diz tudo, os alunos têm que ter controle para fazer os movimentos para o corpo sentir cada músculo contraindo, onde entra a fluidez para os movimentos saírem de forma leve e a precisão junta todos os outros princípios, o que leva aos movimentos com coordenação.

Como o método Pilates pode ser adaptado para atender às necessidades específicas de pessoas com diferentes tipos de deficiência física?

De começo realizamos uma aula experimental onde avaliamos tudo em relação a corpo e força, depois cada atendimento é personalizado.

Existem considerações particulares ao adaptar exercícios de Pilates para pessoas com deficiência intelectual?

As considerações são individualizadas de paciente para paciente, pois cada um tem suas dificuldades, então a adaptação parte das dificuldades específicas que cada um possa apresentar durante os atendimentos.

Como a prática do Pilates pode contribuir para melhorias específicas, como mobilidade, equilíbrio e coordenação, em pacientes com deficiência?

Como cada aula é personalizada, realizamos exercícios específicos para cada objetivo do paciente, dentro dos atendimentos trabalhamos todos eles com ajuda de acessórios para potencializar esses objetivos.

No pilates utilizamos muito os alongamentos para mobilidade e flexibilidade, exercícios com bases instáveis e desafiadoras para melhorar o equilíbrio, e utilizamos também exercícios conjugados de perna e braço para a coordenação.

Além dos benefícios físicos, como o Pilates pode influenciar positivamente a saúde mental e emocional de pessoas com deficiência?

O Pilates pode ajudar a melhorar a autoestima e a confiança, pois os participantes ganham uma sensação de controle sobre seus corpos e habilidades. O sucesso na realização dos exercícios pode impulsionar a autoconfiança, independentemente das limitações físicas. Enfatiza também a conexão entre a mente e o corpo, encorajando a consciência corporal, o que pode ser especialmente benéfico para pessoas com deficiência. Esse foco na atenção plena pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade.

A prática regular de Pilates pode ajudar a reduzir os níveis de estresse. Os movimentos suaves e controlados, combinados com a respiração consciente, podem criar um ambiente relaxante e promover a liberação de tensão física e mental.

Para muitas pessoas com deficiência, a dor física é uma parte significativa de suas vidas. O Pilates pode ajudar a melhorar a postura, fortalecer os músculos e aumentar a flexibilidade, contribuindo para o alívio da dor crônica e melhorando o bem-estar geral.

A prática do Pilates requer ainda foco e concentração, o que pode ser uma maneira eficaz de afastar a mente de preocupações e estresses diários. A concentração no movimento e na respiração pode proporcionar uma pausa mental necessária.

Ao aprender e dominar novas habilidades físicas, as pessoas com deficiência podem sentir-se empoderadas. O Pilates oferece a oportunidade de trabalhar em direção a metas específicas, promovendo um senso de realização e autonomia.

Você poderia compartilhar experiências de pacientes que experimentaram melhorias psicológicas significativas através da prática de Pilates?

O ano passado atendi uma paciente de 26 anos com um atraso no desenvolvimento neurológico e suas habilidades não condizem com a faixa etária. A mãe dela relatou que depois do pilates ela conseguia se concentrar mais nas coisas que estava fazendo, na escola ela conseguia ficar mais tempo prestando atenção nas atividades que a professora estava passando.

Qual é a importância da comunicação entre os profissionais de saúde e os instrutores de Pilates para garantir um plano de tratamento integrado?

Essa comunicação deve acontecer, para que o tratamento para esse paciente seja completo e eficaz, porque cada profissional tem uma visão diferente, dessa forma cada profissional pode utilizar a informação compartilhada para melhorar o seu plano de tratamento.

Você poderia compartilhar um caso específico em que a prática de Pilates teve um impacto significativo na vida de um paciente com deficiência física ou intelectual?

Vou continuar com a paciente da pergunta anterior, a mãe dela relatou que ela tropeçava demais na rua e até mesmo em casa, e depois dos atendimentos de Pilates ela conseguia erguer a perna para realizar a troca de passos, e a mãe conseguia deixar a filha tomar um banho sozinha pois ela já estava com as pernas mais fortalecidas.

Existem considerações específicas ou precauções que os profissionais devem ter ao recomendar a prática de Pilates para pessoas com deficiência?

Não, só estudar muito o diagnóstico do paciente e oferecer a ele o melhor plano de tratamento.

Quais diretrizes você daria aos fisioterapeutas que estão pensando em incorporar o Pilates em seus programas de reabilitação?

Estudar muito, cada paciente é único, cada corpo é único. Podemos atender 2 pessoas com a mesma condição, cada um vai reagir ao tratamento de forma diferente e basta o profissional estudar e saber o que pode ser feito e/ou adaptado para cada um deles.

COMPARTILHAR:

Idealizadora do programa "Eu Digo X" e mãe do Jorge, um jovem diagnosticado com autismo e síndrome do X-Frágil.

Governo lança cursos sobre autismo em Pernambuco

Comissão aprova PL contra discriminação de autistas

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)