5 de abril de 2024

Tempo de Leitura: 4 minutos

Pesquisa ouviu 12 mil pessoas: 48% têm um conhecimento limitado sobre neurodiversidade

A pesquisa “Neurodiversidade no Mercado de Trabalho”, realizada pela Consultoria Maya, em parceria com a Universidade Corporativa Korú, e apoio da startup Tismoo.me e do Órbi Conecta, aponta a falta de conhecimento circulante acerca da neurodiversidade. O estudo, feito a partir de uma base de 12 mil estudantes e profissionais ligados à Koru, foi divulgado no último 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo. O objetivo foi difundir informações para a população e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno do espectro do autismo (TEA).

Do total dos entrevistados, 75% estão familiarizados com o termo “neurodiversidade”, o que inclui TEA e outras condições, sendo 48,6% com conhecimento limitado. Outros 25% nunca haviam tido contato com a expressão. O levantamento revelou que 86,4% nunca participaram de treinamentos ou programas relacionados ao tema no ambiente corporativo.

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Pesquisa: 48,6% dos entrevistados tem um conhecimento limitado sobre o termo neurodiversidade

Pesquisa: 48,6% dos entrevistados tem um conhecimento limitado sobre o termo neurodiversidade

Desmistificar termos

“Pessoas neurodivergentes podem ter transtorno do espectro do autismo [TEA], transtorno do déficit de atenção com hiperatividade [TDAH], dislexia, síndrome de Tourette, entre outras condições, e nenhuma delas as impede de exercer atividades profissionais. Precisamos desmistificar esses termos e normalizar a presença de pessoas atípicas no ambiente de trabalho”, comenta Francisco Paiva Jr., cofundador e CEO da Tismoo.me, startup de saúde e tecnologia, comprometida em melhorar a saúde e qualidade de vida de pessoas autistas e com outras neurodivergências. 

O TEA está presente em uma parcela significativa da população mundial e merece a nossa atenção no 2 de abril e também em todos os outros dias do ano. “O autismo é uma condição muitas vezes invisível. Por meio dessa ação, queremos disseminar informações que despertem a consciência para o fato de que certas características que encontramos em algumas pessoas surgem em razão de uma questão neurológica atípica que não as tornam piores que ninguém e que devem ser acolhidas. Precisamos falar mais sobre neurodiversidade em nossas rotinas”, afirma Paola Carvalho, diretora criativa da Consultoria Maya, mãe de um menino autista. Sempre sensível às dimensões da diversidade, a consultoria Maya conta com uma frente de trabalho que apoia empresas, projetos e marcas na amplificação de causas ambientais e sociais; a neurodiversidade é uma delas. 

A pesquisa mostrou que, no ambiente de trabalho, quase a metade dos entrevistados nunca trabalhou diretamente com pessoas neurodivergentes, 21,4% tiveram experiências desafiadoras e apenas 30% considerou ter experiências positivas. 

Vale destacar ainda que 40% dos entrevistados acreditam que a criação de programas de sensibilização e treinamentos para colaboradores seria a melhor estratégia para promover a inclusão de pessoas neurodivergentes no local de trabalho. Outras soluções seriam: oferecer ajustes razoáveis como ambientes de trabalho flexíveis e tecnologias assistivas (29,3%), estabelecer programas de mentoria ou apoio para colaboradores neurodivergentes (16,4%) e a criação de um comitê de neurodiversidade (7,1%). 

A maioria dos entrevistados apontou que a neurodiversidade traz benefícios para o ambiente de trabalho, como promover um espaço com mais criatividade e inovação, fortalecer a cultura de equipe, fomentar um ambiente de aprendizado, aumentar a satisfação e o engajamento dos colaboradores.

Consequências: A maioria dos entrevistados (65%) alega que a neurodiversidade traz benefícios para o ambiente de trabalho.

Consequências: A maioria dos entrevistados (65%) alega que a neurodiversidade traz benefícios para o ambiente de trabalho.

O levantamento também identificou que a falta de compreensão de colegas e da liderança foi apontada como um dos principais desafios enfrentados por neurotípicos no ambiente de trabalho (62,9%). Do total, 55% acreditam que é possível combater os estigmas e preconceitos por meio de programas de conscientização e educação e outros 42,9% por meio de política de inclusão e suporte. 

Pesquisas internacionais

Com o avanço dos estudos científicos, nos últimos anos, o diagnóstico de autismo em crianças e adultos vem crescendo gradativamente. Informações divulgadas pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC, órgão do governo dos EUA), em 2023 — com dados coletados em 2020 —, revelam que a incidência dessa condição é de cerca de 2,8% da população (1 em cada 36 crianças de 8 anos). Muitos comportamentos socialmente incompreendidos estão sendo desvelados nesse processo, gerando empatia, compreensão e soluções assertivas. A partir desse índice, estima-se que, no Brasil, podemos ter cerca de 6 milhões de autistas. O país carece de dados oficiais sobre o tema. 

Já um levantamento da Play Pesquisa e Conhecimento, realizado com 1,4 mil famílias de crianças neurodivergentes (com TEA e/ou TDAH), aponta que para cerca de 60% das famílias, a capacitação dos colaboradores sobre como lidar com a neurodiversidade pode ajudar na inclusão, e metade considera que as empresas devem oferecer ferramentas que eduquem sobre as diferenças e como lidar com elas. 

Outra pesquisa, dessa vez da McKinsey & Company, aponta que empresas com quadros diversos de colaboradores são capazes de lucrar até 33% mais do que seus pares menos preocupados com esse aspecto em suas operações.

 

CONTEÚDO EXTRA

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