A saúde das pessoas autistas é um tópico de crescente interesse e importância, especialmente à luz das evidências científicas que mostram que essa população tende a apresentar maior vulnerabilidade, adoecer mais frequentemente e necessitar de mais cuidados de emergência do que a população neurotípica. Neste artigo, vamos explorar os motivos pelos quais isso acontece, com base em estudos científicos e de forma acessível para todos, sejam autistas, familiares ou interessados no assunto.

Comorbidades e Saúde Física

Um dos fatores mais significativos que contribuem para a vulnerabilidade da saúde dos autistas é a comorbidade, ou seja, a presença de outras condições médicas que comumente ocorrem junto com o autismo. Estudos indicam que pessoas autistas têm uma prevalência maior de condições como epilepsia, distúrbios gastrointestinais, alergias alimentares, problemas respiratórios e doenças metabólicas, como obesidade e diabetes (1). Essas condições, muitas vezes, não são diagnosticadas claramente devido às dificuldades de comunicação e interação social associadas ao autismo ou por questões relacionadas à interocepção ou propriocepção, o que pode levar a diagnósticos tardios e complicações de saúde.

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Saúde Mental e Comportamental

Além das condições físicas, a saúde mental das pessoas autistas também é uma área de preocupação significativa. Muitos autistas enfrentam desafios como ansiedade, depressão, TDAH e transtorno obsessivo-compulsivo. A combinação dessas condições e a sensibilidade sensorial, comum no autismo, podem resultar em crises sensoriais e comportamentais quando há mudanças na rotina ou exposição a ambientes estressantes, por exemplo. Essas crises, muitas vezes, levam a visitas ao pronto-socorro, impactam a saúde mental de autistas e sobrecarregam os pais ou cuidadores.

Dificuldades no Acesso e na Adesão aos Cuidados de Saúde

Outro fator que contribui para a maior vulnerabilidade de saúde dos autistas é a dificuldade no acesso e na adesão aos cuidados de saúde. Muitas vezes, os sistemas de saúde não estão preparados para atender adequadamente às necessidades específicas dos autistas. A falta de treinamento dos profissionais de saúde sobre como lidar com pacientes autistas pode resultar em experiências negativas durante consultas, levando ao estresse e à relutância em procurar ajuda.

Além disso, os autistas podem ter dificuldades em seguir regimes de tratamento ou terapias devido a problemas de comunicação, compreensão, rigidez comportamental ou disfunção executiva. Por exemplo, a necessidade de tomar medicamentos regularmente ou seguir uma dieta específica pode ser desafiadora para alguém que não compreendeu bem o porquê ou o passo a passo daquele tratamento. Esses desafios aumentam o risco de não adesão a tratamentos, complicações de saúde e internações hospitalares, o que torna a gestão da saúde de autistas uma tarefa complexa.

Estilo de Vida e Fatores Sociais

O estilo de vida e os fatores sociais também desempenham um papel crucial na saúde das pessoas autistas. Muitas vezes, os autistas enfrentam isolamento social, falta de suporte e de apoio em seu contexto de vida, o que impacta em sua saúde mental e social. Também precisam lidar com as dificuldades em encontrar atividades físicas que sejam confortáveis, adaptadas e acessíveis. 

Além disso, muitos autistas possuem seletividade alimentar ou não se alimentam adequadamente para suprir suas necessidades nutricionais. A falta de atividade física aliada à má alimentação podem levar a problemas de saúde como obesidade, doenças cardíacas e diabetes. Nesses casos, o suporte familiar e social é um fator decisivo para a saúde do autista. Famílias que têm acesso a recursos e informações adequadas são mais capazes de proporcionar um ambiente saudável e seguro para seus membros autistas. Por isso, é importante sempre buscar informações confiáveis e embasadas cientificamente. 

Estudos Científicos e Dados Relevantes

O estudo importante conduzido por Akobirshoev et al. (1), anteriormente mencionado, examinou a mortalidade hospitalar entre adultos autistas nos Estados Unidos, revelando que eles têm um risco significativamente maior de mortalidade hospitalar comparado à população geral. Esse estudo destacou a necessidade de cuidados médicos especializados e adaptados para a população autista.

Outro estudo realizado por Guan e Li (2) apontou que a mortalidade prematura em pessoas autistas é o dobro da observada na população neurotípica, com autistas morrendo, em média, 16 a 36 anos mais cedo. Este dado alarmante reforça a necessidade urgente de melhorias no atendimento à saúde para autistas.

Mais um estudo relevante foi realizado por Wasilewska e Klukowski (3) e descobriu que crianças autistas têm uma maior prevalência de distúrbios gastrointestinais, que incluem sintomas como constipação, diarreia, refluxo e gases.

Conclusão

A vulnerabilidade da saúde das pessoas autistas é um desafio complexo e multifacetado, envolvendo comorbidades, saúde mental, dificuldades no acesso aos cuidados, estilo de vida e fatores sociais. Para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos autistas, é essencial que os sistemas de saúde, os profissionais e as famílias trabalhem juntos para criar ambientes mais acolhedores, informados e adaptados às necessidades específicas dessa população.

Na Tismoo.me, estamos comprometidos em oferecer soluções de saúde integradas que utilizam tecnologia avançada e educação para melhorar a qualidade de vida dos autist as. Ao aumentar a conscientização sobre as vulnerabilidades de saúde dos autistas e implementar estratégias eficazes, podemos reduzir a necessidade de atendimentos emergenciais e promover uma vida mais saudável e plena para todos.

Referências:

• (1) Akobirshoev, I., Mitra, M., Dembo, R., & Lauer, E. (2019). In-hospital mortality among adults with autism spectrum disorder in the United States: A retrospective analysis of US hospital discharge data. Autism Research.
• (2) Guan, J., & Li, G. (2017). Injury mortality in individuals with autism. American Journal of Public Health.
• (3) Wasilewska, J., & Klukowski, M. (2015). Gastrointestinal symptoms and autism spectrum disorder: Links and risks – a systematic review. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition.