17 de março de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

O afastamento social e familiar foi um ato de defesa e sobrevivência. Não havia tempo para ser alvo de julgamentos — muito menos para o julgamento que destrói. Também não queria macular as famílias “perfeitas” que nos cercam, a nós: “mães que deram azar”.

Minha filha cresceu. Me preocupou bastante, me estressou, me ensinou, trouxe sofrimentos e muitas vitórias também. Foram muitos os momentos de choros sufocados e de alegrias repletas de gargalhadas abobalhadas.

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É preciso manter distância dos julgamentos

O afastamento social e familiar foi um ato de defesa e sobrevivência. Não havia tempo para ser alvo de julgamentos — muito menos para o julgamento que destrói. Também não queria macular as famílias “perfeitas” que nos cercam, a nós: “mães que deram azar”.

Minha filha cresceu. Me preocupou bastante, me estressou, me ensinou, trouxe sofrimentos e muitas vitórias também. Foram muitos os momentos de choros sufocados e de alegrias repletas de gargalhadas abobalhadas.

Julgamento destrói as mães

Muito tempo depois, acreditei que já poderíamos nos expor em nossas alegrias e tristezas. Minha filha e eu, já maduras e calejadas, confiamos que a sociedade também poderia estar mais madura. Mas que decepção.

Em um dia de crise da minha menina, gritei por ajuda. Abri, com confiança, nossa intimidade. Mais do que isso: compartilhei.

Foi o suficiente para reviver o contato nefasto com os julgamentos e antigas dores. “Você não pode ceder às crises de sua filha. Ela já é adulta.” “Desse jeito, você morre, e o mundo não será tão paciente com ela.”

Mas um julgamento, em especial, me chamou a atenção e me feriu profundamente por vários motivos:

  1. Vinha de alguém cuja fala pressupõe credibilidade, por ser médica;
  2. Não me foi dita diretamente mas sim aos meus tios;
  3. Estavam outras pessoas no grupo ao qual ela se dirigiu;
  4. Causou preocupação imediata aos meus tios, que confiam muito na pessoa.

Isso tudo sem sequer uma convivência próxima comigo ou com minha filha — assim como minha família, sempre fomos muito reservadas. Compartilhávamos nossas vitórias e administrávamos, solitariamente, nossa dor.

Mas a doutora, do alto de sua experiência (?), cravou um diagnóstico: síndrome de Munchausen por procuração.

Mais não digo. Pesquisem para saber do que se trata. Afinal, estou até agora tentando entender tamanha leviandade. Muito cruel.

(Originalmente publicado em O Mundo Autista, no portal UAI)

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Jornalista e relações públicas, diagnosticada com autismo, autora dos livros "Minha Vida de Trás pra Frente", "Dez Anos Depois", "Camaleônicos" e "Autismo no Feminino", mantém o site "O Mundo Autista" no Portal UAI e o canal do YouTube "Mundo Autista".

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