11 de abril de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Em uma declaração polêmica durante uma reunião ministerial na Casa Branca nesta quinta-feira (10.abr.2025), o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., afirmou que o governo norte-americano pretende identificar até setembro a causa do que ele chama de “epidemia de autismo”. Segundo Kennedy, novos dados ainda não divulgados oficialmente indicam que a prevalência pode ter aumentado para 1 a cada 31 crianças de 8 anos — um número superior ao último relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), que apontava 1 em 36. Se esse for o número oficial, indicaria que o Brasil pode ter, proporcionalmente, 6,9 milhões de autistas.

“Vamos descobrir o que causou a epidemia de autismo e seremos capazes de eliminar essas exposições”, declarou Kennedy. Ele afirmou que a investigação está sendo coordenada pelo NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA) e conta com a participação de centenas de cientistas de diversos países. O estudo, segundo ele, examinará uma ampla gama de fatores, incluindo alimentação, água, ar e possíveis toxinas ambientais.

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Controvérsias e ceticismo científico

Embora Kennedy tenha enfatizado a importância da pesquisa, sua postura gera preocupação na comunidade científica, principalmente por seu histórico de ceticismo em relação às vacinas. Ele tem insistido em investigar uma possível ligação entre o autismo e a vacina tríplice viral (MMR – sarampo, caxumba e rubéola), hipótese já amplamente refutada por dezenas de estudos científicos. O próprio diretor do NIH, Jay Bhattacharya, declarou em sabatina no Senado que apoia plenamente a vacinação infantil e não acredita em uma relação causal entre vacinas e autismo.

A possível elevação da prevalência para 1 em 31 crianças não foi oficialmente confirmada pelo CDC, mas, se verdadeira, representaria um salto significativo em relação aos números anteriores, reforçando ainda mais a necessidade de políticas públicas de inclusão, diagnóstico precoce e suporte a famílias e profissionais.

Risco de retrocesso

Especialistas alertam que dar visibilidade a discursos antivacina, mesmo em nome de uma investigação mais ampla, pode representar um risco à saúde pública. Atualmente, os EUA enfrentam surtos de sarampo, especialmente em regiões com baixa cobertura vacinal. Recentemente, duas crianças não vacinadas morreram no Texas em meio ao avanço da doença.

Apesar das polêmicas, Kennedy declarou em entrevista à CBS News que defende a vacinação contra o sarampo, embora discorde da obrigatoriedade. “A posição do governo, e a minha, é de que as pessoas devem se vacinar contra o sarampo”, afirmou.

O novo relatório do CDC sobre a prevalência do autismo deve ser divulgado ainda neste ano, e a expectativa é grande, tanto na comunidade científica quanto entre as famílias, para entender os rumos que esse debate poderá tomar.

 

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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