1 de março de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Era um sábado comum, eu entrava em uma crise enquanto me recuperava de outra, pensava constantemente que eu era uma pessoa quebrada que nunca conseguiria ter uma vida normal, contribuir para a sociedade. No meio da terapia minha psicóloga parou tudo e disse: Priscila, isso é autismo. Ok eu já tinha ouvido falar sobre autismo, eu conhecia pessoas com filhos autistas, mas eu não tinha me preocupado em conhecer profundamente o que é ser autista.

Quando ela me falou sem muitos detalhes, explicando que minhas crises se deviam às minhas características neurodiversas, foi como se um mundo novo tivesse sido aberto para mim. Eu não estava sozinha! Eu não era a única com essas dificuldades, eu poderia finalmente começar o tratamento adequado e conseguir enfrentar os monstros que me impediam de ser quem eu sempre quis ser.

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Encontrei então o grupo de apoio da Liga, fui aceita e tinha mil perguntas para fazer. Toda e qualquer dúvida foi respondida, eu me senti acolhida, porque muitas pessoas diziam que sentiam as mesmas coisas, que viviam as mesmas crises. Viver em uma comunidade de autistas me fez perceber o verdadeiro significado de união.

Falo por mim quando digo que muitas vezes me sinto sozinha, meus amigos autistas são minha força nas crises e minha lembrança de que eu sou válida. Aos poucos fui entendendo o que significa ser autista ⎯ autismo não é um transtorno que afasta as pessoas, é uma oportunidade de união. 

Quando falo de união, digo o ato de levantarmos as vozes para combater os preconceitos. Óbvio que sem violência, a melhor arma que temos é a educação. Precisamos investir nas gerações presentes e futuras para que a imagem negativa da incapacidade não se relacione mais com o autismo. Para que autistas em todos os matizes do espectro consigam ter seus direitos garantidos e, principalmente, que nenhum de nós seja submetido a nenhuma situação vexatória.

Quando um irmão autista sofre, todos sofremos! O ativismo autista é nossa principal arma para educar a população como um todo. Somos válidos! Somos capazes! Vamos lutar por nossos direitos! 

Priscila Jaeger Lucas é autista e tem transtorno esquizoafetivo. É formada na graduação de marketing e licenciatura, pretende seguir o caminho de pesquisadora de educação. Gosta de estudar o cérebro e filosofia e ama seus dois cachorros (Sherlock e Menina) e sua gatinha (Luna Lovegood).

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