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No competitivo mercado de trabalho em que vivemos, as empresas têm buscado diferentes formas de se manterem competitivas. As empresas já perceberam que a forma como se comunicam com a sociedade, apoiando diferentes causas, investindo recursos em projetos e associando suas marcas a importantes iniciativas, impactam diretamente no valor de sua marca em relação ao mercado.
Hoje em dia, muito tem se falado do ESG, que nada mais é que a sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance” (ambiental, social e governança, em português). Esse termo começa a ser utilizado como um modelo para avaliar possíveis investimentos, seja em relação à sustentabilidade, à adequação da governança ou ao impacto social que as empresas causam na sociedade em função do seu negócio.
Como exemplo, se eu tenho uma empresa que contamina um rio, prejudicando todo o meio ambiente, sua imagem ficará marcada negativamente, resultando na desvalorização de sua marca. Situações de racismo, que têm caráter criminoso, por exemplo, e podem ocorrer dentro dos estabelecimentos de empresas que atuam com atendimento ao público, fazem com que essas empresas tenham sérios problemas legais, além do impacto negativo incalculável para sua imagem. Ou seja, uma situação de discriminação faz com que o valor dessas empresas diminua muito frente ao mercado.
A partir disso, começa um movimento em algumas bolsas de valores do mundo, em que empresas onde mulheres não tenham cargos de liderança, por exemplo, não possam operar na bolsa ou tenham suas ações prejudicadas por causa disso. Torna-se imperativo olhar para questões de diversidade e inclusão.
Então, quando a gente fala de ESG, a questão do social e da governança estão diretamente ligadas aos temas de diversidade, equidade e inclusão, e também da neurodiversidade. Quando falamos do “social”, referimo-nos a como as empresas olham para questões de direitos humanos, se têm uma política de direitos humanos, de forma clara e transparente, e também programas de diversidade e inclusão ‒ programas estes onde temos indicadores e é possível monitorar como essas questões têm sido gerenciadas pela empresa.
Um bom exemplo é a Nasdaq (bolsa de valores americana de empresas de tecnologia) que aprovou um projeto onde todas as empresas listadas devem ter em seus conselhos de administração, no mínimo, dois diretores considerados diversos, que podem ser mulher ou pessoa dentro dos considerados “grupos minorizados”, como negros, pessoas com deficiência, LGBTQIA+. Ou seja, por causa dessa questão da governança e do social, isso já começa a impactar as empresas para que sejam mais diversas.
O que o ESG tem a ver com inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho? Tem tudo a ver! O ESG, quando olhado para questões sociais e de governança, nos dá a oportunidade de incentivar, contribuir e cobrar resultados para que todas as empresas tenham políticas de contratação que permitam às pessoas autistas a possibilidade de participar, com igualdade de condições, dos processos de recrutamento e seleção. Como pessoas atuantes nesta causa, temos o direito e o dever de incentivar que essas políticas façam com que as pessoas neurodivergentes ‒ com autismo, TDAH, dislexia ‒ tenham oportunidades de entrar e permanecer nas empresas e construir uma carreira profissional. E, quando falamos do social, é uma grande oportunidade para o movimento das pessoas autistas, de familiares e pessoas que atuam na causa, de levarem o tema às empresas como possibilidade de investimento em prol da qualidade de vida deste público, seja na área educacional, de saúde ou cultural.
E, para finalizar, quando no ESG falamos de governança, também nos referimos aos aspectos de políticas e de atração e contratação de talentos, incluindo os talentos diversos. Sendo assim, para que as empresas tenham uma plena gestão do ESG, as pessoas neurodivergentes precisam estar presentes, fazendo parte dos quadros de colaboradores de todas as companhias do Brasil.