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Entenda a importância desta ciência no desenvolvimento de alguém no TEA
A ciência que estuda os comportamentos, ensina a modificá-los e ensina novas habilidades é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA, da sigla em inglês Applied Behavior Analysis), cujas técnicas são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.
A ABA é conhecida como uma das “práticas baseadas em evidências”, o que significa que existe um número significativo de estudos que seguem critérios específicos e têm resultados comprovados. Ou seja: cientificamente funcionam, conforme explica o artigo disponível para download: Contribuições da análise do comportamento aplicada para indivíduos com transtorno do espectro do autismo: uma revisão.
Continuamente, novos estudos sobre ABA são publicados. Segundo a psicóloga e especialista em autismo Chaloê Comim, isso acontece porque: “Tudo em uma ciência é passível de ser falseável, testado, refinado e aprimorado. Desde Skinner, o maior interesse da ABA é social, em sobre como melhorar a interação humana em sociedade. Na Análise do Comportamento, novos estudos são feitos continuamente. Nosso comportamento tem 3 níveis de seleção: A evolução da nossa espécie, nossa história individual e a cultura onde estamos inseridos. As contingências mudam, a sociedade e as necessidades mudam, a cultura muda e novos jeitos de lidar com o comportamento e ensinar novas habilidades, vão surgindo”, explica.
Neste artigo, vamos falar sobre os principais estudos referentes à Análise do Comportamento Aplicada.
O primeiro estudo de ABA da história
Os primeiros registros de terapias e intervenções envolvendo a Análise do Comportamento Aplicada surgiram entre 1961 e 1962, por meio de pesquisas realizadas por Ferster e DeMyer e demonstravam que era possível usar as técnicas para modificar comportamento em pessoas com distúrbios do desenvolvimento. Além disso, os resultados do estudo mostraram, também, que o repertório comportamental aumentava e reduzia os comportamentos considerados problemáticos.
Em 1987, o psicólogo clínico Ivar Loovas publicou um novo estudo que apontava importantes ganhos com o uso destes princípios comportamentais no ensino de crianças diagnosticadas com autismo. Os resultados e dados do estudo foram os seguintes:
- Ao todo, 19 crianças tiveram acesso às intervenções baseadas em ABA
- Delas, 47% haviam sido reintegradas com sucesso em escolas regulares
- Das crianças que fizeram outras intervenções, apenas 2% tiveram sucesso no desenvolvimento.
Prática Baseada em Evidências (PBE)
Como forma de validar cientificamente práticas baseadas em evidências para crianças, jovens e adultos com Autismo, o The National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP), conduziu um projeto para uma revisão sistemática da literatura, sobre intervenções com evidências para Autismo. , O objetivo foi levantar e classificar tratamentos que promovem a saúde do paciente e integram práticas reconhecidas e comprovadas para apoiar a decisão de profissionais para as indicarem.
Em sua versão mais recente, publicada em 2020, a NCAEP traz 28 práticas consideradas com evidências (PBE) científicas que atingiram todos os critérios propostos pela revisão, para intervenções em pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) são elas:
- Intervenção baseada em antecedentes
- Comunicação alternativa e aumentativa
- Intervenção de Momentum Comportamental
- Estratégias instrucionais cognitivo-comportamentais
- Reforçamento diferencial de comportamento alternativo, incompatível ou outro comportamento (DRA, DRI, DRO)
- Instrução direta (DI)
- Ensino por tentativas discretas
- Exercício e movimento
- Extinção
- Avaliação funcional
- Treinamento de comunicação funcional
- Modelação
- Intervenção mediada por música
- Intervenção naturalística
- Intervenções implementadas pelos pais
- Instrução e intervenção mediada por pares
- Reforçamento
- Dicas
- Bloqueio de respostas e redirecionamento
- Autogestão
- Integração sensorial
- Narrativas sociais
- Treinamento de habilidades sociais
- Análise de tarefas
- Instrução e intervenção auxiliada por tecnologia
- Atraso de tempo
- Videomodelagem
- Suportes visuais
Revisão de estudos ABA
Existem ainda outros estudos, como o disponível para download no CIA Autismo, que fazem uma revisão de outras pesquisas já publicadas envolvendo a ABA. Neste, em específico, é feita uma revisão bibliográfica de estudos na íntegra já realizado sobre a ciência, com o objetivo de avaliar a contribuição das intervenções baseadas em ABA em pessoas com TEA.
O artigo analisou dez estudos já realizados sobre os efeitos da Análise do Comportamento Aplicada em indivíduos com autismo no Brasil e em outros países, a fim de concluir como a ciência pode ajudar no desenvolvimento destas pessoas ao longo da vida.
Por meio da análise foi observado que a análise do comportamento aplicada intervém diretamente no comportamento do indivíduo e pode ser totalmente estruturada, colaborando para o processo de aprendizagem deste público. Vale lembrar também que a ABA não acontece somente nas clínicas, mas pode ser aplicada em diversos ambientes, por isso estudar e revisar estudos já realizados sobre o tema ajudam a desmistificar mitos acerca da ciência e traz novas visões sobre como os conceitos da ABA para pais e profissionais.
Para ver mais um artigo sobre ABA, clique aqui.
Crédito: Gabriela Bandeira e Chaloê Comim
Fonte: Academia do Autismo
Imagem: reprodução / Academia do Autismo