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Seguindo a dica do Canal Autismo sobre o podcast Introvertendo, fui ouví-lo logo após assistir ao primeiro episódio de “As We See It“, série da Amazon sobre pessoas autistas e independência.
Parabéns aos envolvidos, belíssimo e cuidadoso trabalho do Introvertendo!
Após 35 anos atendendo pessoas autistas, posso dizer que o espectro é mais amplo do que se possa imaginar e, como terapeuta, posso dizer que nossos ouvidos devam estar abertos para autismos e pessoas e não para características.
Sem diálogo não há compreensão e, sem compreensão não há protagonismo.
Sim, quero muito falar da Mandy, a cuidadora, tutora, ou seja lá o nome que o seu trabalho tenha na série.
Spoilers
[ALERTA: a partir deste trecho, pode haver spoilers sobre a série]
Mandy faz reuniões de grupo com os autistas que, moram sozinhos, trabalham e buscam por autonomia. O ponto comum das reuniões é o fato de serem autistas, pois nada mais em suas vidas os colocaria no mesmo ponto de identificação. Como haver empatia, diálogo se o que os une os separa?
Jack, como muito bem dito no Introvertendo, já deveria ter entendido que não se chama o chefe de burro. Ele, um autista de 25 anos e, extremamente inteligente, teria toda a condição do mundo para encontrar adjetivos mais sutis para convencer seu chefe sobre seu posicionamento.
Harrison, um autista adulto que não sai de casa e gosta de comer, parece ser alheio a tudo o que o incomoda. Mandy o coloca na rua, como seu principal objetivo terapêutico, sem a menor previsibilidade de possíveis acontecimentos e/ou proteção para hipersensibilidades.
Violet, adulta e seu principal ponto é querer namorar a qualquer custo. Apesar de limites impostos em não poder ter aplicativos de namora (que os tem mesmo proibida), seu interesse não é trabalhado e nem mesmo a escolha de sua abordagem.
O que aprendemos com a série? Que continuamos capacitistas e que há muito que caminhar em termos de escuta terapêutica.
CONTEÚDO EXTRA
Veja também: Autistas fazem análise da série As We See It