1 de junho de 2019

Tempo de Leitura: 2 minutos

O Pediatra é o profissional responsável pelo acompanhamento das crianças desde os primeiros dias de vida. Nas consultas de rotina, a avaliação formal do desenvolvimento neuropsicomotor é fundamental e indispensável, assim como o estabelecimento de um vínculo de confiança entre o paciente, a família e o pediatra. Isso porque, na identificação de atrasos, desvios no desenvolvimento, ou sinais precoces de transtorno do espectro do autismo (TEA), a qualidade das informações fornecidas pode repercutir positivamente na forma como os familiares enfrentam um possível diagnóstico.

Diante de uma criança com suspeita de TEA, o pediatra torna-se a figura central na condução do tratamento, sendo o responsável em acolher a família e orientar sobre a necessidade de organização da rotina da criança, a importância da estimulação inserida no seu dia a dia, além dos encaminhamentos para avaliação especializada (neuropediatra ou psiquiatra infantil) e equipe interdisciplinar, que deve recorrer a modelos terapêuticos para iniciar uma estimulação precoce focada nas habilidade sociais, linguagem, afeto e comportamento.

Publicidade
Tismoo.me

O diagnóstico de TEA deve seguir critérios definidos internacionalmente, com avaliação completa e uso de escalas validadas. Muitas famílias têm enfrentado dificuldades em obter o diagnóstico em tempo adequado para o início das intervenções e suporte especializado, sendo este um fator associado diretamente à baixa renda familiar, etnia, pouco estímulo, pouca observação sobre o desenvolvimento da criança por parte dos pais, profissionais de saúde, educadores e cuidadores. 

A crença de que “vamos aguardar o tempo da criança”, mesmo que ela apresente sinais evidentes, é um dos fatores que interferem diretamente na detecção precoce. O pediatra precisa orientar os familiares sobre os limites pré-definidos da idade máxima de aquisição de cada marco, de acordo com as escalas para acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor.

Os pais ou cuidadores precisam ser capacitados pela equipe interdisciplinar para trabalhar a criança com TEA no âmbito domiciliar. Pesquisas recentes confirmam que famílias que receberam treinamento comportamental baseado em ABA tiveram resultados significativamente melhores na tríade clínica das dificuldades (interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e interesses restritos).

Muitas famílias têm recorrido a abordagens alternativas, apesar da falta de apoio empírico. Algumas dessas abordagens têm promessa teórica e merecem pesquisas adicionais, outras são potencialmente prejudiciais ou ineficazes e cabe ao pediatra alertar os familiares sobre os tratamentos que possuem, ou não possuem, comprovação científica.

O início do convívio como diagnóstico de TEA na família gera múltiplas necessidades, dúvidas e sobrecarga emocional. Por esse motivo, quanto mais precoce for o diagnóstico e o plano terapêutico estabelecido, mais reconfortadas as famílias se sentem. Quanto aos pediatras e profissionais de saúde, são necessárias permanentes sensibilização, preparação e atualização sobre o tema para fornecer todo um suporte médico e emocional à criança e sua família.

Adriana Auzier Loureiro é médica, mãe de um adolescente com autismo, membro do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pediatra responsável pelo Ambulatório de Desenvolvimento do Espaço de Atendimento ao autista do Município de Manaus.

COMPARTILHAR:

Médica, mãe de um adolescente com autismo, membro do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pediatra responsável pelo Ambulatório de Desenvolvimento do Espaço de Atendimento ao autista do Município de Manaus.

Às vezes precisamos de um ouvido atento

Autismo Severo: Há vida após o diagnóstico

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)