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A neurodiversidade como um conceito revolucionário para o autismo e para a psiquiatria, é o título do editorial do renomado pesquisador Simon Baron-Cohen, referência em toda comunidade que se dedica a entender o autismo.
Ao longo do editorial, Baron-Cohen se debruça em avaliar se o autismo é devidamente caracterizado como um transtorno ou se o conceito de neurodiversidade deve ser adotado. Para isso, examina o autismo a nível genético, neurológico, comportamental e cognitivo reforçando que não há evidências de uma disfunção e sim de uma diferença.
Quanto as críticas que o modelo da neurodiversidade recebe, Baron-Cohen traz uma reflexão interessante diferenciando o autismo das comorbidade que podem estar associadas.
“A epilepsia é um sinal de disfunção cerebral e causa transtorno (ataques) e deve ser tratada medicamente. Mas a epilepsia, embora comumente ocorra junto com o
autismo, não é o autismo em si. Outros podem dizer que uma criança com atraso de linguagem ou graves dificuldades de aprendizagem não é um exemplo de neurodiversidade… Mas, novamente, embora comumente co-ocorrem, estes não são o autismo em si.” (Baron-Cohen, 2017).
Ele também reforça que o termo deficiência pode também transmitir o impacto do diagnóstico no individuo sem o estigma que os termos transtorno ou distúrbio trazem. Desta maneira os termos neurodiversidade e deficiência não são incompatíveis, diferente de transtorno e neurodiversidade, que o são.
Baron-Cohen conclui o editorial reforçando que não há uma única maneira do cérebro ser normal e a necessidade de termos mais éticos e não estigmatizantes, dando igual atenção ao que ao indivíduo pode fazer. Encerra com um incentivo a aplicação do conceito de neurodiversidade aos demais diagnósticos da DSM, gerando talvez uma revolução em tudo o que conhecemos hoje e na prática da psiquiatria.
Por Rute Rodrigues
Diretora de operações