Tempo de Leitura: 2 minutos
Vamos falar de adaptação curricular?
São raras as vezes que eu indico a adaptação e não escuto frases do tipo:
“Mas ele não vai se acomodar?”
“Como ele vai alcançar o grupo depois?”
“Mas ela precisa ter responsabilidades”
“E no vestibular, quem vai ajudar?”
“Precisamos desmamar do tutor”
Falar de adaptação curricular é falar de equidade nas oportunidades de aprendizado; é oferecer ao aluno com NEE – necessidades educacionais especiais, instrumentos capazes de ‘conversar’ didaticamente com aquele aluno acerca do conteúdo a ser ensinado. É também direito garantido por lei, tanto nas adaptações, quanto ao ensino.
E porque é um direito? Porque adaptar conteúdo escolar é oferecer acessibilidade. Nesse ponto de nossa história, não precisamos dizer, novamente, que acessibilidade vai para muito além das rampas. Acessibilidade é permitir a entrada; é garantir a participação das pessoas nos mais diversos contextos da vida, inclusive à educação.
Uma adaptação curricular, há que se diga, é feita em equipe, em rede; é um trabalho de várias mãos e não se trata apenas em oferecer atividades vindas da internet com conteúdo de ensino fundamental I. Quanto mais individualizado, mais dentro das habilidades da pessoa e menos “acomodado” e “irresponsável” ele se tornará.
Segundo Andréa Cleto diz que:
“as adaptações curriculares devem ser entendidas como um processo a ser realizado em três níveis: no projeto político pedagógico da escola, por meio do qual é possível identificar e analisar as dificuldades enfrentadas pela escola, assim como, estabelecer objetivos e metas comuns aos gestores, professores, funcionários da escola, familiares e alunos; no currículo desenvolvido em sala de aula; e no nível individual, por meio da elaboração e implementação do Programa Educacional Individualizado (PEI)”.
Parece complexo, mas é necessário para que se garanta o direito do estudante PcD/ autista o acesso à educação. Cabe ainda ressaltar que, as perguntas acima fazem parte do discurso capacitista de uma sociedade que acredita que as mesmas oportunidades oferecidas a todos garanta o acesso: se eu der o mesmo carro de corridas, na mesma pista, para um piloto profissional e para um motorista comum, ambos terão as mesmas chances de vencer? Creio que não.
Adaptação curricular é sobre isso, oferecer as mesmas condições para que todos tenham a chance de vencer.