13 de julho de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Vamos falar de adaptação curricular?

São raras as vezes que eu indico a adaptação e não escuto frases do tipo:

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“Mas ele não vai se acomodar?”

“Como ele vai alcançar o grupo depois?”

“Mas ela precisa ter responsabilidades”

“E no vestibular, quem vai ajudar?”

“Precisamos desmamar do tutor”

Falar de adaptação curricular é falar de equidade nas oportunidades de aprendizado; é oferecer ao aluno com NEE – necessidades educacionais especiais, instrumentos capazes de ‘conversar’ didaticamente com aquele aluno acerca do conteúdo a ser ensinado. É também direito garantido por lei, tanto nas adaptações, quanto ao ensino.

E porque é um direito? Porque adaptar conteúdo escolar é oferecer acessibilidade. Nesse ponto de nossa história, não precisamos dizer, novamente, que acessibilidade vai para muito além das rampas. Acessibilidade é permitir a entrada; é garantir a participação das pessoas nos mais diversos contextos da vida, inclusive à educação.

Uma adaptação curricular, há que se diga, é feita em equipe, em rede; é um trabalho de várias mãos e não se trata apenas em oferecer atividades vindas da internet com conteúdo de ensino fundamental I. Quanto mais individualizado, mais dentro das habilidades da pessoa e menos “acomodado” e “irresponsável” ele se tornará.

Segundo Andréa Cleto diz que:

 “as adaptações curriculares devem ser entendidas como um processo a ser realizado em três níveis: no projeto político pedagógico da escola, por meio do qual é possível identificar e analisar as dificuldades enfrentadas pela escola, assim como, estabelecer objetivos e metas comuns aos gestores, professores, funcionários da escola, familiares e alunos; no currículo desenvolvido em sala de aula; e no nível individual, por meio da elaboração e implementação do Programa Educacional Individualizado (PEI)”.

Parece complexo, mas é necessário para que se garanta o direito do estudante PcD/ autista o acesso à educação. Cabe ainda ressaltar que, as perguntas acima fazem parte do discurso capacitista de uma sociedade que acredita que as mesmas oportunidades oferecidas a todos garanta o acesso: se eu der o mesmo carro de corridas, na mesma pista, para um piloto profissional e para um motorista comum, ambos terão as mesmas chances de vencer? Creio que não.

Adaptação curricular é sobre isso, oferecer as mesmas condições para que todos tenham a chance de vencer.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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