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Aposentei meu despertador!
Desde a chegada do Gabriel, minha esposa e eu não precisamos mais de despertador. Faça chuva ou faça sol, em domingos e feriados despertamos entre 6h e 6h30.
Normalmente sou acordado com alguém puxando minha cabeça do travesseiro, e quando me dou conta, já estou sentado na cama. No começo era difícil, mas com o passar do tempo acabei entendendo que este era o “Bom dia” do nosso filho, já que ele tem muita dificuldade em pronunciar palavras por causa da apraxia da fala.
Recentemente acordei com alguém dizendo:
— Bom di — disse, assim mesmo, sem o “a”.
— Bom di — respondi.
E quando abri os olhos, era o Gabriel que aos onze anos de idade, conseguiu desejar bom dia com palavras.
A emoção que senti foi indescritível, minha esposa vibrou e ele, sem entender nada do que estava acontecendo, puxou minha cabeça do travesseiro como faz todos os dias.
Mas acordar cedo tem seu lado bom, o dia rende mais, o clima da manhã é mais agradável e além disso é um bom horário para ir ao parque.
Certo dia, o Gabriel nos acordou no horário de sempre, abrimos a janela e o céu de brigadeiro estava lá, implorando para ser curtido e apreciado em um belo parque.
Levamos as bicicletas e notamos que os pneus estavam murchos, mas para sorte nossa, dentro do parque havia uma daquelas tendas que fazem reparos simples nas bikes, como encher os pneus, regular os freios e, de quebra, comprar aquela buzina que as crianças adoram.
O senhor que nos atendeu foi super gentil e cobrou apenas o café. O Gabriel olhou para aquele senhor que salvou o nosso passeio e que tinha aquela famosa “barriguinha de chopp” e não fez por menos, também resolveu agradecê-lo.
Deu um belo de um abraço, beijou sua “barriguinha de chopp” e disse:
— Neném.
Numa hora dessas, em que a apraxia da fala deveria entrar em ação, não entrou.
Felizmente todos riram da situação, desejamos um bom dia e seguimos para nosso passeio de bike.