21 de fevereiro de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Estamos nos aproximando de mais um 2 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo. Como já mencionei anteriormente, estimativas indicam que existem aproximadamente de 2 a 6 milhões de autistas no Brasil. E um dos grandes desafios para a concretização da inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) está na romantização do autismo.

Esse é um assunto polêmico que causa divisões entre autistas e pais atípicos sobre os rumos do ativismo dentro da comunidade neurodivergente. Essa divergência ocorre, entre outros fatores, devido à disparidade no processo de diagnóstico entre homens e mulheres. Um estudo recente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostrou que a proporção de diagnósticos é de 3,8 homens para cada 1 mulher.

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No entanto, vale ressaltar que esses números refletem apenas a realidade da população diagnosticada nos Estados Unidos. No Brasil, ainda não há um mapeamento estatístico preciso sobre a quantidade de autistas, o que dificulta a formulação e a cobrança de políticas públicas efetivas que promovam a inclusão desde a infância até a velhice. Sim, autistas envelhecem.

Outro fator que contribui para a romantização do autismo é a maneira como a mídia e as produções audiovisuais retratam a condição. Sabemos que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode impactar a interação social, a comunicação verbal e não verbal, além da regulação sensorial – variando de acordo com o nível de suporte necessário para cada indivíduo.

Cada autista é único e tem necessidades diferentes. O fato de eu, por exemplo, ter um menor nível de suporte, maior independência e oralidade, não significa que eu não preciso de suporte. Essa é uma falácia perigosa. A vida adulta para um autista não é tão simples ou “bonita” como muitos imaginam. Pelo contrário, pode ser desafiadora e angustiante, principalmente devido às demandas e pressões da vida adulta.

Além disso, ser autista não impede o pleno exercício da sexualidade e a possibilidade de ter um relacionamento. Sexualidade não se resume a sexo, mas envolve autoconhecimento, expressão afetiva e controle sobre o próprio corpo. Infelizmente, muitas pessoas autistas – especialmente mulheres – enfrentam barreiras nesse aspecto, o que pode torná-las mais vulneráveis a relacionamentos abusivos e tóxicos, sobretudo em uma sociedade machista e hostil às mulheres.

Construir um país verdadeiramente acessível exige educação e conscientização. Se realmente queremos garantir os direitos dos autistas, é fundamental que famílias, amigos, ativistas e a sociedade em geral estejam unidos em um só discurso – e não dispersos em interesses individuais. Caso contrário, jamais sairemos do lugar.

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Jornalista, autista e ativista na luta antirracista.

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