24 de fevereiro de 2023

Tempo de Leitura: 3 minutos

Hou vou falar sobre autismo e altas habilidades/superdotação, ou dupla excepcionalidade. Aliás, este é um assunto complicado. Afinal, muitas vezes as pessoas pensam assim: “Nossa, quem me dera ser superdotado“, “quem me dera ser ter altas habilidades“.

O que é a Dupla Excepcionalidade e a união entre autismo e altas habilidades/superdotação?
Aliás, eu levei um susto muito grande quando a minha psicóloga me informou da presença dessas altas habilidades em mim como diagnóstico. Ou seja, como algo que estava e esteve sempre em mim.

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Inclusive, eu pensei: “Como assim? Mas eu sou autista, por que isso não foi levantado quando veio o diagnóstico de autismo?“. Então, ela me explicou que são, na verdade, dois diagnósticos separados. Assim, a pessoa pode apresentar altas habilidades. Porém, quando as altas habilidades vêm junto com uma deficiência como autismo, dislexia ou TDAH, aí é chamada de dupla excepcionalidade.

Diagnóstico de uma mulher com autismo e altas habilidades/superdotação

Então, no meu caso, existe a dupla excepcionalidade. Mas o que seriam essas altas habilidades? É que, no meu caso, apresento um desempenho melhor nas questões de vocabulário e da escrita. Além disso, verificou-se que tenho condição de avaliar vários pontos, assuntos diversos e, em pouco tempo, alinhava-los e dar nova forma. Ou seja, sou capaz de chegar a um consenso, a uma referência, a uma conclusão derivada de vários estudos que podem acontecer num curto espaço de tempo.

Porém, por ter usado essa característica como jornalista, eu pensava sinceramente que todo mundo era assim. E não me sentia nenhum pouco com altas habilidades quando pensava nas minhas dificuldades em amarrar sapato e colocar ou abotoar uma roupa. Além disso, tinha dificuldade em perceber algumas pegadinhas que eram óbvias para a minha irmã a caçula lá de casa.

Como lidar com um diagnóstico de autismo e altas habilidades/superdotação?

Então, ao contrário, eu me sentia muito burra. Mas não. Mais tarde eu vim a saber dessas altas habilidades. E com diagnóstico tanto do autismo tanto das altas habilidades, a gente pode jogar luz no que a gente tem de habilidades e trabalhar, então, essas limitações. Ou seja, saber onde está a alta habilidade e onde estão as coisas em que eu tenho dificuldade.

Este é um espaço é muito grande. Então, normalmente as pessoas focam no que é ruim, no que é limitante. Aliás, eu poderia ser julgada como uma aluna desinteressada, uma aluna que não está nem aí. Porém, eles perceberiam que havia uma discrepância entre minhas competências e dificuldades. Mas, no meu caso, com a capacidade de aprender com facilidade, o foco foi dado a isso e o autismo ficou esquecido.

Isso me trouxe um problema. Afinal, eu tive que fazer um esforço muito maior para dar conta da minha vida. Então, o diagnóstico serve para, ao detectar a deficiência, oferecer à pessoa o suporte para que ela trabalha suas limitações. Já se detectadas as altas habilidades ou a superdotação, você também terá que dar suporte. Afinal, uma inteligência privilegiada ou as altas habilidades em si não gera nada. Ou seja, a gente tem que fornecer suporte e, inclusive, o entendimento dos educadores para que eles possam dar a essa criança a condição de um desenvolvimento pleno.

Autismo e altas habilidades/superdotação na escola

Isso ainda é um desafio no Brasil, porque quando há o superdotado o professor acha assim “não, eu não consigo lidar com essa criança“. Porém, essa criança não é só a superdotação, ela não deixa de ser uma criança que vai precisar do educador. Mas, o educador tem que conhecer as ferramentas necessárias para que ela se desenvolva no máximo do seu potencial.

Dessa forma, o importante é o diagnóstico que nos direciona e que a pessoa que foi diagnosticada é um ser humano que, como outro qualquer, precisa de estímulos. Só que, nesse caso, são os estímulos específicos que a gente vai aprender e conduzir essa pessoa a ir para um pleno desenvolvimento. Então, não é falta de interesse muitas vezes… “Ah, mas é tão bom em casa com isso ou aquilo e em outro lugar é péssimo com aquilo e aquilo outro“.

Isso é possível acontecer e a gente não vai rotular. Assim, a gente vai descobrir as habilidades, jogar luz nelas, dar suporte. E vamos descobrir as limitações e dar suporte também para o desenvolvimento do ser humano criar valor para a sociedade, que é o mais importante.

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Jornalista e relações públicas, diagnosticada com autismo, autora dos livros "Minha Vida de Trás pra Frente", "Dez Anos Depois", "Camaleônicos" e "Autismo no Feminino", mantém o site "O Mundo Autista" no Portal UAI e o canal do YouTube "Mundo Autista".

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