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Ninguém especial, na verdade. Então qual o motivo de ter sido convidada, pelo meu bom amigo Paiva, para escrever uma coluna nessa linda revista? Só posso supor, mas acho que é por causa da minha longa estrada nessa montanha russa que chamamos viver com pessoas dentro do TEA. É justo que conte um pouco dessa trajetória a vocês, que gentilmente gastam seu tempo lendo minhas colunas mambembes.
Meu filho nasceu em 1991. Naquela época, se vocês tivessem curiosidade, veriam que não existiam pessoas com deficiências (!!). Nunca eram vistas, pelo menos. Em relação ao autismo, então, nem os terapeutas sabiam o que fazer. Quanto aos médicos, bem, eles diziam que não existia cura e que com a idade seu filho ficaria mais calmo, como se tivesse um retardo mental (sic). Foi o que ouvi, e tive que aguentar “no peito”. De forma que essa jornada pelo desconhecido, solitária, doída, e muitas vezes engraçada, me ensinou tanta coisa que, como outras mães na mesma situação, posso relatar minhas experiências e elas podem servir, senão para ensinar, ao menos para divertir muitos pais mais jovens.
Aprendi, com meus erros, que sou juiz no que diz respeito ao meu filho. Por seguir conselhos de profissionais, bem intencionados, com certeza, fui contra meu discernimento e o resultado foi muita dor, muito sofrimento. Até que aprendi: se eu não concordo com as sugestões, eu não faço e pronto. Aprendi que o preconceito existe, mas que a ignorância é muito maior e que, às vezes, o que pensamos ser discriminação pode ser simplesmente uma curiosidade legítima, e uma grande vontade de ajudar, sem saber como. Aprendi que esconder o filho em casa é o pior caminho, mas custa muito tempo e esforço o treino para que nossos filhos encarem a sociedade e suas normas, seus ruídos, sua diversidade, mas sempre vale a pena. Aprendi que sou o norte do meu filho. Se estou em paz, as chances de ele se apaziguar são imensas. Com isso, aprendi a fazer das tripas coração e aguentar todo um furacão de emoções internamente, com uma cara plácida de quem aprecia um lago calmo na paisagem…. difícil, mas a prática traz a perfeição. E aprendi que chorar não é demérito. Faz bem e pode ser muito necessário. Culpar-se, não! Fazemos o melhor em cada circunstância, sempre querendo acertar. ninguém erra de propósito.
Pois então, é isso! Muito prazer, meu nome é Haydée, mãe do Pedro.