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Se tudo estiver bem, crianças autistas crescem. Parece óbvio, mas ao receber o diagnóstico, as mães não acreditam que os filhos possam crescer. Em outras palavras, elas só enxergam as dificuldades. Assim, o turbilhão de emoções e de tarefas as impede de vê-los crescidos. Desse modo, elas se prendem ao momento. Afinal, o aqui e agora passa a demandar essa mãe ou família, ao extremo.
Eu sobrevivo, tu sobrevives e eles (autistas) crescem
Na corrida maluca que se inicia, depois do diagnóstico, o instinto de proteção da mãe permanece no modo ligado. Aliás, em geral, ela percebe o diagnóstico como uma perda. Então, outro instinto passa para o modo ligado, o de super-heroína. Essa mãe passa a estudar tudo sobre o assunto e a se dividir entre as áreas da maternidade, família, saúde e educação. Procura uma rede de apoio e fica atenta às possibilidades que começam a emergir. Afinal, ela não pode deixar nada escapar.
Quando não é pega por uma depressão, exaustão profunda ou desespero, essa mãe segue em frente como um trator. Contudo, um dia, se dá conta da pressão alta, da cobrança dos outros filhos que se sentem preteridos e do divórcio. Além disso, noventa por cento dos pais não dão conta de uma vida conjugal ou em família, pós divórcio. Entretanto, agora, o filho autista conseguiu terminar o ensino médio. Ou seja, teremos comemoração? Quem nos dera. Então, o filho amado passa a pleitear o espaço do adulto que ele precisa ser.
Autistas crescem e surgem os autistas adultos
A mãe se assusta: como a sua criança quer sair? O desejo pode até ser igual ao dos outros filhos. Mas será que ele pode? Além disso, por que ele parece questionar todas as decisões que você tomou para seu crescimento sadio? Aliás, será aquele olhar fixo em você, uma cobrança? Você errou? Calma. Todas essas reações do, agora, adulto autista, acontecem como que para ele ter certeza de que você se dá conta de que ele cresceu. E você dá?
É bom pensar nisso. Ou pelo menos não ignorar essa questão. Autistas crescem e se transformam em adultos seguros ou inseguros. Essa força/segurança deriva de como a família o vê. Dessa forma, se você ainda está presa às limitações da pessoa autista mude isso já. Foque nas potencialidades. Nas habilidades.
A formação profissional e o mercado de trabalho para os autistas que crescem
As faculdades e universidades, atualmente, também estão focadas nas possibilidades do ensino para um avanço dinâmico. A transformação digital está aí. Ela é o processo de substituir as formas manuais, tradicionais de fazer negócios. Entra em cena, as mais recentes alternativas digitais. Esse tipo de reinvenção toca todos os aspectos de um negócio, não apenas a tecnologia. As universidades já se reorganizaram para essa nova realidade.
A mesma tendência chegou à empresa, conforme artigo de Mariana Achutti, CEO da Sputnik, na sessão opinião do Estado de Minas.
Na era da responsabilidade social e da transparência, o novo pensamento que emerge dentro das corporações redireciona e expande suas forças educacionais. Muitas organizações avant-garde já estão se entendendo como plataformas impulsionadoras de conhecimento para a sociedade como um todo. E se lá atrás os alicerces da aprendizagem corporativa estavam calcados em garantir baixa rotatividade e alta produtividade entre funcionários, agora é preciso ir além. Da equipe ao consumidor final, passando pelos prestadores de serviço: a educação corporativa do futuro olha para todos os stakeholders (parte interessada) e transforma o mundo, para além do negócio. É esse o novo posicionamento que chamamos de empresa-escola.
E qual é o cérebro que mais se aproxima dessa visão da importância de cada detalhe para garantir o sucesso de todo o processo? O cérebro neurodivergente do autista, claro. É preciso começar a abrir esse caminho para ele, desde a pré-adolescência.
Qual a importância da transformação?
Nos dias atuais, os desafios dos processos de mudança não motivam mais. Por isso, o receio da falta de rotina não assusta mais os adultos autistas. Eles são hiperfocados e, como tal, amam estudar as viradas ou pivotadas de sua área de interesse.
Agora, transformar é a palavra de ordem. Transformar sem perder o eixo dos valores, sem renunciar a princípios, mas reescrevendo a Visão e a Missão. Existe profissional mais centrado que o autista para essa transformação? Creio que não: que o digam Sophia Mendonça, Táhcita Mizael, Amanda Paschoal, Paloma Breit, Gabriela Neuber, Fernanda Santana, Tiago Abreu, Adriana Torres, Marcos Maia e tantos outros.