21 de agosto de 2022

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O termo inglês Burnout significa, literalmente, que alguma coisa “se queimou”, ou que se esgotou a energia que havia; um estado de exaustão física e mental, como se uma pessoa tivesse passado muito tempo funcionando em um ritmo extremamente acelerado e exigente de trabalho, ou em casa, sem se dar conta. A palavra foi usada pela primeira vez nos anos 70, nos Estados Unidos, pela professora universitária de psicologia, Christina Maslach e pelo psicoterapeuta Herbert Freudenberger para identificar esgotamento nervoso devido ao ambiente e acúmulo de trabalho. Hoje em dia, sabemos que há outras fontes de estresse como o relacionamento afetivo, ou em razão de dívidas, acontecimentos pessoais traumáticos (demissão, separação, luto) e até mesmo características pessoais como no caso do perfeccionismo. 

O Burnout não é um diagnóstico oficial, como o autismo, por exemplo. A Organização Mundial de Saúde (OMS), a classifica como “doença do trabalho” enquanto o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais) o define como uma síndrome ocupacional. Seja como for, muitos concordam que seja “a doença do século”. O critério para que médicos tratem um paciente por burnout são os três seguintes: existe um comportamento esgotado física e mentalmente; os sintomas persistem por mais de seis meses; a sensação de cansaço e exaustão são patentes.

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O link com o autismo

Quando observamos de perto, notamos na maioria dos afetados pelo burnout que, em geral, são pessoas leais, perseverantes, com um grande senso de responsabilidade, assim como também exigem muito de si e possuem uma necessidade de controle – traços bastante comuns em pessoas autistas e que lhes custa muita energia. Muitos autistas no trabalho se sentem totalmente exauridos após um dia de expediente.

“É como se minhas baterias estivessem totalmente acabadas. Eu só penso em tirar a roupa, deitar e não fazer mais nada.”

Um autista adulto 

Pessoas autistas quase sempre têm mais que um (1) diagnóstico, ao que se chama de “comorbidade” no vocabulário médico, ou “condições coexistentes” como muitos autistas preferem dizer. Um relatório do Registro Holandês de Autismo (NAR) revelou que o burnout está entre as cinco comorbidades que mais ocorrem no autismo adulto. Estes indivíduos descrevem o esgotamento e a explosão sensorial devido a uma soma de fatores estressantes diários. Quando a situação se alastra por muito tempo, existe perigo do autista perder o emprego, deixar de estudar, sofrer de algum mal físico e até mesmo de desenvolver comportamentos suicidas.

Pesquisa sobre o “burnout autista”

Em redes sociais, o termo autistic burnout é bastante usado pelos próprios autistas com nível 1 (leve) de suporte. A recente pesquisa do Academic Autism Spectrum Partnership in Research and Education, nos Estados Unidos, incluem o termo a ciência. Uma das coautoras do estudo, a Dra. Dora Raymaker, diz: “O burnout autista é uma questão antiga, subestimada e urgente.” O título da pesquisa já diz tudo: “Tendo suas fontes internas esgotadas e sendo deixado sem equipe de limpeza: definição do Burnout autista”. A definição é de que o Burnout autista é uma síndrome que surge quando o estresse crônico e uma discrepância entre expectativa e capacidade não encontram apoio. Os sinais são percebidos quando existe esgotamento, perda de habilidades já conquistadas e menor tolerância a estímulos sensoriais. O tratamento consiste em psicoterapia com psicólogo especializado em TEA, e em muitas vezes, de um coach individual para a pessoa autista desenvolver habilidades para lidar com momentos de conflito em suas relações sociais.

Fontes consultadas: 

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Jornalista, mãe de um autista adulto, radicada na Holanda desde 1985, escritora — autora do livro Caminhos do Espectro (lançado no Brasil em dezembro de 2021) —, especialista em autismo & desenvolvimento e autismo & comunicação, além de ativista internacional pela causa do autismo.

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