1 de março de 2025

Tempo de Leitura: 3 minutos

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta aproximadamente 2% das pessoas em todo o mundo e precisa ser compreendido com profundidade, respeito e empatia. Para isso, a conscientização e o acesso à informação são fundamentais.

Penso que todos nós, membros da comunidade autista no Brasil, sonhamos com o dia em que todos autistas tenham acesso a tratamentos de qualidade, sejam reconhecidos como membros ativos da sociedade, tenham dignidade, respeito e oportunidades garantidas de estudo, trabalho, entre outros direitos de todo cidadão brasileiro. 

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CBI of Miami

Sem dúvida nenhuma o caminho para essas conquistas passa pelo empoderamento de conhecimento científico e jurídico das famílias para que tenhamos um protagonismo dos pais nesse longo processo de conscientização e luta pelos direitos do autista no país. Afinal, não é exagero afirmar que as grandes conquistas nas áreas da educação e inclusão surgiram a partir de movimentos sociais de pais engajados na causa, tanto nos Estados Unidos, a partir da década de 1960, como aqui no nosso Brasil, principalmente nas últimas décadas.

Uma das grandes ferramentas de empoderamento das famílias passa pelo trabalho de universalizar e democratizar o conhecimento psicoeducacional no Brasil, garantindo que informação científica de qualidade chegue a todos, independente de sua localização territorial, condição socioeconômica, educacional e cultural. 

A psicoeducação é uma grande ferramenta de transformação social e um dos pilares mais importantes para melhorar a qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos no espectro autista. Essa disseminação de conhecimento baseado em evidências científicas permite capacitar e empoderar mães, pais, familiares, educadores e profissionais que convivem com indivíduos autistas. 

Por outro lado, a falta de informação é um dos maiores obstáculos no diagnóstico, no tratamento adequado e na consequente inclusão dos autistas na sociedade. Muitas famílias passam anos sem saber ao certo como lidar com os desafios que seus filhos enfrentam, o que pode gerar frustração, ansiedade e isolamento. Por isso, disseminar informação confiável é uma forma de promover inclusão e garantir que todas as pessoas no espectro tenham acesso a oportunidades reais de desenvolvimento. Para que a sociedade avance no acolhimento e na inclusão de pessoas autistas, mostra-se fundamental que mães, pais e familiares tenham acesso à  informação científica atualizada e baseada em evidências. Quando bem informados, eles se tornam agentes de transformação, capazes de exigir direitos, lutar por políticas públicas inclusivas e oferecer o suporte necessário para que seus filhos alcancem todo o seu potencial.

A internet e as redes sociais têm se mostrado ferramentas poderosas para disseminar conhecimento, mas ainda há muito a ser feito, como por exemplo, o combate aos mitos e mensagens falsas (fake news), pois a todo momento somos bombardeados com tratamentos falsos e informações erradas, o que leva a tomadas de decisões equivocadas e a investimentos em tratamentos fantasiosos e sem embasamento científico. 

A conscientização sobre o autismo deve ser um compromisso de toda a sociedade. Escolas, empresas, serviços de saúde e comunidades precisam estar preparados para acolher pessoas no espectro e garantir que tenham acesso a uma vida digna e plena. Iniciativas de inclusão, como adaptações no ambiente escolar, capacitação de professores e estímulo à empregabilidade de adultos autistas, são essenciais para construir um mundo mais justo e igualitário. 

Acredito que, juntos, podemos transformar a realidade do autismo no Brasil, garantindo que todas as crianças, adolescentes e adultos no espectro tenham respeito, acesso a oportunidades e ao apoio que merecem. Se queremos um futuro melhor, precisamos nos unir para que possamos lutar por conquistas duradouras e definitivas.

Para terminar este manifesto, gostaria de alertar que somente com a real união da comunidade autista, livre de vaidades (nossa…, quanta vaidade!), de interesses individuais e de conflitos de poder é que poderemos avançar como um grupo representativo frente aos poderes públicos para que legislações modernas sejam aprovadas e implementadas de forma plena, que se convertam em benefícios reais e duradouros para os autistas brasileiros.

Sim, empatia gera informação e informação gera respeito!

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Médico psiquiatra da infância e adolescência, mestre em educação especial pela Framingham State University (EUA), professor visitante do Department of Special Education – Bridgewater State University (EUA), sócio-fundador do CBI of Miami / PRIMUM.

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