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É frequente dentro da neurodivergência que uma pessoa tenha mais de uma condição associada, sendo uma das mais comuns a combinação do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, também amplamente conhecido pela sigla TDAH.
Pessoas com TDAH apresentam características relacionadas a dificuldade de manter a atenção, a hiperatividade e impulsividade, que impactam no seu funcionamento em vários contextos da vida. Esta condição já pode ser detectada e diagnosticada na infância ou na adolescência, mas é comum as pessoas chegarem à vida adulta sem terem recebido o devido apoio ou tratamento por não terem os sintomas e sinais identificados precocemente.
Quando falamos de condições associadas, o cenário pode ser ainda mais desafiador. Uma avaliação clínica feita por profissionais especialistas é de extrema importância para definir se uma pessoa autista também possuí o TDAH ou se, por exemplo, uma criança diagnosticada inicialmente apenas com TDAH também é autista. A avaliação de como as características do TEA e do TDAH se manifestam naquela pessoa também deve ser feita para poder compreender quais são suas necessidades de adaptações e desenvolvimento.
Não é inusitado receber relatos de pessoas autistas com TDAH que tiveram suas dificuldades de concentração subestimadas, minimizadas e desvalorizadas. Assim como suas características e comportamentos hiperativos e impulsivos são frequentemente alvo de deboche ou confundidos com grosseria e desrespeito. Este padrão de descaso e crítica por parte dos familiares e colegas, muitas vezes por falta de conhecimento, pode contribuir para um aumento da ansiedade, diminuição da autoestima e baixa percepção de autoeficácia.
Para contribuir para uma boa qualidade de vida, uma pessoa autista com TDAH pode se beneficiar de diversos tratamentos e terapias. Entre os mais comuns podemos citar terapias comportamentais, medicações e treino para cuidadores, especialmente no caso de crianças. Além disso, o ambiente desta pessoa, seja ele a escola, a casa ou o trabalho, pode ser um grande aliado para o desenvolvimento das suas potencialidades.
No próximo artigo falaremos melhor sobre como podemos também apoiar pessoas autistas com TDAH que estão em nosso círculo social, especialmente no ambiente de trabalho.
Juliana Fungaro
Atua como Coordenadora de Treinamento na Specialisterne Brasil na capacitação e preparo de pessoas autistas para o mercado de trabalho. Aluna de MBA em Gestão de Pessoas na USP/Esalq. Mestra profissional em Análise do Comportamento Aplicada pelo Paradigma Centro de Ciências do Comportamento e Psicóloga formada pela Universidade Mackenzie.