22 de julho de 2024

Tempo de Leitura: 2 minutos

Lá se vão 8 anos de meu diagnóstico. Ainda assim, vivo a batalha do diagnóstico tardio x identidade roubada. Explico: Passado o susto, o diagnóstico é libertador. Um norte em nossa vida até. É um passo importante ao autoconhecimento. Assim, você pode deixar certas amarras e estratégias usadas para se adequar ao que a sociedade espera de você.

Diagnóstico tardio x identidade roubada, como assim?

É neste momento, em que você passa a se conhecer mais e ser de fato, a identidade de sua diferença. Ou seja, ficar à vontade para agir conforme seu cérebro neurodivergente. Mas a sociedade tenta apertar o cabresto e ditar o que é aceitável. Mas quem sabe o que é melhor para você, apropriado e adequado é você. Foi quando, por ser muito questionada, eu me vi explicando sempre: “É que sou autista com grau 1 de suporte.” E a luta continua: Diagnóstico tardio x identidade roubada.

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Para mim, foi o fim do sufoco na confusão dos aeroportos: muito estímulo visual, auditivo e imprevisibilidade. Quer coisa mais terrível do que saber o número do portão de embarque somente aos 45 minutos do segundo tempo? Então vem a prorrogação e o portão muda. E você sente o aperto no estômago, a ansiedade triplicar, o pavor tomar conta de você. Quem vai se preocupar com uma pessoa adulta? Alguém que está quase colocando “os bofes” para fora e não tem senso de localização, ainda mais naquela confusão?

Depois do diagnóstico, pude me explicar e acessar o que a lei nos garante: uma assistente que nos acompanhe até ao avião. Se não bastassem as pessoas típicas, já sofri julgamentos e condenações sem direito à defesa: “Mas como assim, eu também sou autista, grau 1, e não preciso de nada disso.” Ao que respondo: “prazer, sou Selma Sueli – única em autismo, humanidade e gostosura!”

Antes, identidade roubada. Agora, identidade questionada

Estou cansada de tantos achares, julgamentos e de sentenciamentos sem réplica ou tréplica. Tudo isso, disfarçado de saberes, de lugar de fala, de bom senso. Hoje, do alto de meus 60 anos, numa vivência de 40, liguei aquele aparelhinho, como é mesmo? Ah… Um tal de “foda-se”. Libertador também.

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Jornalista e relações públicas, diagnosticada com autismo, autora dos livros "Minha Vida de Trás pra Frente", "Dez Anos Depois", "Camaleônicos" e "Autismo no Feminino", mantém o site "O Mundo Autista" no Portal UAI e o canal do YouTube "Mundo Autista".

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