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Atualmente muitos projetos e empresas têm se dedicado a preparação de pessoas com autismo para sua inserção no mercado de trabalho. É um trabalho de extrema importância em tempos que lutamos pelo protagonismo das pessoas com deficiência e o anticapacitismo.
Infelizmente, nem o mercado de trabalho está pronto para absorver as neurodivergências e nem mesmo as empresas que recrutam autistas para o treinamento estão preparados receber autistas de níveis 2 e 3 de suporte.
Recebo inúmeras famílias que me fazem a pergunta acima. E agora?
Que inclusão é essa que aparta? Que mantém a mesma separação em caixinhas de: esse sim, esse não? Quem determina o que pode ser excluído? Qual a diferença do que fazemos agora para a lista de Asperger durante o nazismo da 2ª Guerra Mundial? Sim, porque condenamos à morte centenas de milhares de jovens por falta de oportunidades. `
São famílias envelhecendo com filhos adultos batendo de porta em porta com a mesma pergunta: E agora? Fizeram tudo que os profissionais indicaram; os tratamentos em voga, as instituições de ponta. E agora? Estão em casa, sem atividade e cada vez menos autônomos e mais dependentes de pessoas que logo irão precisar de cuidados.
Instituições “profissionalizantes” insistem em oferecer desenhos para pintar e conteúdo de matemática de 1º ano do fundamental I para jovens adultos; que aliás, exercícios retirados da internet sem a menor personalização. Passam o tempo. Caem na rotina do ‘saber do especialista’ sem buscar conhecer aquela pessoa e quais suas potencialidades e habilidades.
Sinto muito em relatar tais fatos, mas eles existem.
Conhecem a popular “síndrome do filho do meio”? Pois é, o autista de nível 2 de suporte é o filho do meio. Aquele que ‘se cria’ sozinho porque tem o mais velho de espelho e os pais muito ocupados com o menor. O autista nível 2 de suporte não é ouvido porque repete frases. Ninguém tem tempo para ouvir o que ele diz que porque o de suporte nível 1 precisa de atendimento já para estudar e trabalhar e, o de nível 3 para não se machucar. E para continuar com as frases populares: Só que não.
Autista tem voz e ponto. Precisamos nos dedicar a ouvi-los, isso sim. Repetir frases é também uma forma de comunicação, mas precisamos de disponibilidade para ouvir e compreender o que está sendo dito.
Precisamos entender a real diversidade do TEA e buscar caminhos para incluir a todos. Como? Abrindo debates, ampliando as visões de atendimentos, buscando recursos em profissionais criativos e dispostos e, acima de tudo conhecer quem estamos atendendo.