1 de março de 2025

Tempo de Leitura: 4 minutos

Nesta terceira parte da reportagem, vamos conhecer o legado da banda Hole, as polêmicas do casamento com Kurt Cobain e os papéis mais aclamados de Courtney como atriz. Além disso, descobriremos como a estrela está agora.

Romance com Kurt Cobain

Em 1990, o Hole já contava com um público fiel. Courtney atribuiu o sucesso ao recente “despertar espiritual” vindo com a conversão ao Budismo da Soka Gakkai, em 1988. Em 1991, a banda lançou o primeiro álbum. Tratava-se de “Pretty on the Inside”, que a cantora mais tarde definiria como inaudível. Isso porque a obra continha muita gritaria e era pouco melodiosa, de modo a refletir os sentimentos de raiva e alienação que Courtney sentiu ao longo da própria trajetória. Cenas de morte e de sexo são retratadas de maneira abstratata nessa produção que refletia experiências traumáticas, cono quando Courtney sofreu uma tentativa de estupro, saiu correndo pela rua e ninguém tentou ajudá-la. “Pretty on the Inside” recebeu prestígio da maioria dos críticos de músicas indie e punk rock. O sucesso comercial ocorreu principalmente no Reino Unido, ficando na posição número 59 no UK Albums Chart.  Seu single principal, “Teenage Whore”, liderou a parada UK Indie Chart.

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Durante a turnê de divulgação do álbum, Courtney namorou brevemente o líder da banda Smashing Pumpkins, Billy Corgan. Pouco depois, ela começou a namorar Kurt Cobain, o vocalista do Nirvana, um dos roqueiros mais famosos do século XX. Eles se casaram em Waikiki Beach, em 24.fevereiro.1992. O noivo usou pijamas durante a cerimônia. Segundo amigos próximos ao casal, a relação entre eles foi motivo para que Courtney fosse vilipendiada pela imprensa dos Estados Unidos. Ela, que era feminista, passou a ser definida como a “Sra. Kurt Cobain”. Em 1992, nasceu Frances Bean Cobain, a única filha do casal. Antes disso, uma reportagem da Vanity Fair acusava Courtney Love de usar drogas durante a gravidez. Todo esse escrutínio midiático ganhou ainda mais complexidade em 1994, quando Kurt se suicidou. Courtney organizou cerimônias em que levava fãs e crianças para recitarem cânticos em frente ao seu pergaminho budista, o Gohonzon. Mesmo assim, ela passou a ser ainda mais atacada e aré responsabilizada pela morte de Kurt Cobain. Surgiu até uma teoria de conspiração que, embora desmentida pela polícia, tem adeptos até a atualidade, afirmando que Kurt foi assassinado a mando dela. 

O legado do Hole e o sucesso como atriz

O escrutínio foi tanto que a cantora nem pode aproveitar o sucesso do segundo álbum do Hole.  Lançado em 1994, “Live Through This” tornou-se platina e foi eleito álbum do ano pela revista Rolling Stones, figurando até hoje entre os melhores álbuns de todos os tempos. Rumores de que ele, na verdade, fora escrito por Kurt surgiram, mas foram infundados. A obra faz menção à vida pessoal da vocalista. Em Miss Worl, por exemplo, ela se define como “a garota que não consegue te olhar nos olhos”.  Temas como elitismo, depressão, gravidez e abuso infantil estão no cerne da obra. Em entrevistas posteriores, Courtney diz que não lembra muito do que aconteceu nessa fase da vida, pois abusava de ansiolíticos. 

Apesar disso, ela voltou a atuar em filmes como “Paixão Bandida” e “Basquiat – Traços de uma Vida”, ambos lançados em 1996, até que conseguiu um papel principal em “O Povo Contra Larry Flyint”, do diretor vencedor de dois Oscar, Milos Forman. Embora os executivos da Columbia Pictures tenham inicialmente vetado sua participação, Forman contratou a artista, com a condição de que ela não usasse drogas. Courtney Love deu sua palavra e passou por vários testes que comprovavam sua sobriedade. “O Povo contra Larry Flyint” estreou em dezembro de 1996, com a aclamação da crítica, e rendeu diversos prêmios a ela, incluindo uma indicação ao Globo de Ouro.  Frank, padrasto de Courtney, afirmou que ela finalmente tinha chegado onde queria estar. Então, Courtney passou a se dedicar mais à carreira de atriz, destacando-se em filmes como “200 Cigarros”, “Encurralada” e “O Mundo de Andy”, também dirigido por Milos Forman.

Em 1998, Courtney e o Hole lançaram seu terceiro álbum. “Celebrity Skin” tornou-se o maior êxito comercial da carreira dela, com vendas multiplatina e indicação a quatro Grammys. Era um disco mais pop, em contraste com os trabalhos anteriores de rock mais pesado, e abordava a vida das celebridades em Hollywood. “Todos queriam um disco de viúva, mas esse era o meu último desejo”, disse Courtney. Em 2003, ela foi pioneira ao denunciar os abusos do produtor de cinema Harvey Weinstein, que só foram publicizados e comprovados mais de uma década depois, com o movimento #MeToo. Ela foi banida da agência de atores por causa disso. 

Anos 2000 até a atualidade

A chegada dos anos 2000, foi marcada por novos desafios, como a internação em uma clínica psiquiátrica e a recaída no abuso de drogas, até que Courtney atingiu a sobriedade em 2006. Em 2010, após sua vida ser tema do documentário Behind the Music, o jornal Folha de São Paulo a definiu como “uma mulher diferente até para o rock”. Nesse meio tempo, Courtney lançou livros, como a trilogia de mangás Princesa Ai, e os álbuns “America’s Sweetheart” (2004), que ela considera o pior trabalho de sua carreira, e “Nobody’s Daughter” (2010).  

Nos anos 2010, a carreira dela foi prolífica na televisão, com papéis em séries como “Revenge”, “Empire” e “Sons of Anarchy”, além do telefilme “Menendez: Irmãos de Sangue”, de 2017. Também gravou músicas para trilhas sonoras, como “Mother”, do filme de terror “Os Órfãos”, que aborda a maternidade sem suporte. Para a série “Empire”, gravou “Walk Out on Me”, que chegou ao primeiro lugar dentre as mais ouvidas da Billboard. Em 2024, Courtney participou da faixa “Song of the Siren”, do álbum “Petrichor”, da cantora 070 Shake. Ela se prepara para o lançamento de um novo álbum solo, com participações de Michael Stype (do R.E.M.) e Will Seargeant (Echo & the Bunnymen).

A revista The Standard a definiu como alguém que, ainda hoje, não teme o cancelamento e é destemida em suas opiniões sem filtro.

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Jornalista, escritora, apresentadora, pesquisadora, 24 anos, diagnosticada autista aos 11, autora de oito livros, mantém o site O Mundo Autista no portal UAI e o canal do YouTube Mundo Autista.

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