26 de outubro de 2024

Tempo de Leitura: 3 minutos

No último sábado (19), aconteceu no Centro Universitário UniCuritiba o Simpósio Nacional da Síndrome do X Frágil e do Autismo 2024. O evento foi promovido pelo Instituto Buko Kaesemodel, com o objetivo de informar e atualizar a comunidade científica, educadores, cuidadores e a população geral sobre os avanços no diagnóstico e tratamento da síndrome do X frágil e do transtorno do espectro autista.

A palestra que marcou a abertura do evento foi realizada pelo médico neurologista pediátrico e professor Sérgio Antoniuk. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente e doutor em Pediatria, ele trouxe uma palestra a respeito do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista (TEA) e da síndrome do X Frágil (SXF).

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No início da fala, Antoniuk frisou como os diagnósticos avançaram: “30% dos nossos pacientes da neuropediatria, hoje, têm autismo”. Segundo o médico, há 30 anos, era raro ver casos de TEA, e hoje 1 a cada 36 crianças é diagnosticada com o transtorno.

Durante sua apresentação, o médico trouxe diversos exemplos de crianças que apresentam sinais de possível TEA ou alteração de gene. Antoniuk levantou uma questão: sinais de risco para um possível diagnóstico não significam necessariamente que a criança vai, de fato, ser diagnosticada. Por esse motivo, é necessário realizar estímulos para avaliar melhor a questão e observar a resposta das crianças.

Por conta dessa observação, Antoniuk ressaltou a importância dos educadores infantis nesse processo de identificação dos primeiros sinais de risco e dos primeiros estímulos que vão confirmar a suspeita. Dessa forma, inicia-se o processo de diagnóstico acompanhado por médicos especialistas.

Segundo o médico, o estímulo é essencial para um rápido diagnóstico, especialmente em crianças com menos de 18 meses de idade, tema principal da palestra. Para o médico, pode haver alguns indícios, como menos linguagem verbal, menos gestos na comunicação, dificuldades sensoriais, evitação social, entre outros.

Atualmente, no Brasil, o diagnóstico acontece quando a criança tem entre 3 e 5 anos, em alguns casos até mais velha. Apesar da idade ser considerada “tardia” para o diagnóstico, antes dos 6 meses de idade é possível identificar sinais de risco: dificuldade de atenção, pouca resposta ao afeto e estereotipias (movimentos repetidos e invariáveis de fala e movimentação) são alguns desses sinais.

Para ter mais indícios de que a criança possui autismo, é necessária a realização de testes médicos. Atualmente, existem 3 possibilidades de teste para essa identificação, algumas mais avançadas e outras com necessidade de investimentos e pesquisas:

  1. Eye Tracking: Considerado por Antoniuk um dos testes mais interessantes por conta do diagnóstico precoce. Segundo o médico, ainda é necessário investimento em pesquisas nesta área. O teste consiste em uma luz infravermelha que entra em contato com a pupila para identificar qual ângulo o paciente está olhando. Ele é uma ferramenta para identificar mais sinais do transtorno.
  2. M-CHAT-R/F (utilizado no SUS): Este teste serve para crianças entre 16 e 30 meses, porém é respondido pelos pais da criança. Composto por 23 perguntas de SIM ou NÃO, seu resultado é baseado em uma pontuação. A interpretação da pontuação é a seguinte: baixo risco (0 a 2 pontos), risco moderado (3 a 7 pontos), alto risco (8 a 20 pontos). Esse teste também serve para identificar sinais.
  3. Early Start Denver: Por meio de jogos e brincadeiras, essa intervenção precoce, que deve acontecer entre 12 e 48 meses, busca criar uma relação social entre a criança e o terapeuta. Por meio dessas interações com o paciente ainda criança, a motivação dela aumenta na busca por novas interações, minimizando os impactos do transtorno.

Antoniuk finalizou sua palestra trazendo novamente à tona que a criança com diagnóstico de TEA confirmado sempre apresenta melhora, e quanto antes o diagnóstico acontecer, melhores serão as condições tanto da criança quanto de quem cuida. O médico encerrou reforçando: “Podemos não curar, mas ajudar”.

Por Bruno Coelho, Henrique Jorge

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