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O afastamento social e familiar foi um ato de defesa e sobrevivência. Não havia tempo para ser alvo de julgamentos — muito menos para o julgamento que destrói. Também não queria macular as famílias “perfeitas” que nos cercam, a nós: “mães que deram azar”.
Minha filha cresceu. Me preocupou bastante, me estressou, me ensinou, trouxe sofrimentos e muitas vitórias também. Foram muitos os momentos de choros sufocados e de alegrias repletas de gargalhadas abobalhadas.
É preciso manter distância dos julgamentos
O afastamento social e familiar foi um ato de defesa e sobrevivência. Não havia tempo para ser alvo de julgamentos — muito menos para o julgamento que destrói. Também não queria macular as famílias “perfeitas” que nos cercam, a nós: “mães que deram azar”.
Minha filha cresceu. Me preocupou bastante, me estressou, me ensinou, trouxe sofrimentos e muitas vitórias também. Foram muitos os momentos de choros sufocados e de alegrias repletas de gargalhadas abobalhadas.
Julgamento destrói as mães
Muito tempo depois, acreditei que já poderíamos nos expor em nossas alegrias e tristezas. Minha filha e eu, já maduras e calejadas, confiamos que a sociedade também poderia estar mais madura. Mas que decepção.
Em um dia de crise da minha menina, gritei por ajuda. Abri, com confiança, nossa intimidade. Mais do que isso: compartilhei.
Foi o suficiente para reviver o contato nefasto com os julgamentos e antigas dores. “Você não pode ceder às crises de sua filha. Ela já é adulta.” “Desse jeito, você morre, e o mundo não será tão paciente com ela.”
Mas um julgamento, em especial, me chamou a atenção e me feriu profundamente por vários motivos:
- Vinha de alguém cuja fala pressupõe credibilidade, por ser médica;
- Não me foi dita diretamente mas sim aos meus tios;
- Estavam outras pessoas no grupo ao qual ela se dirigiu;
- Causou preocupação imediata aos meus tios, que confiam muito na pessoa.
Isso tudo sem sequer uma convivência próxima comigo ou com minha filha — assim como minha família, sempre fomos muito reservadas. Compartilhávamos nossas vitórias e administrávamos, solitariamente, nossa dor.
Mas a doutora, do alto de sua experiência (?), cravou um diagnóstico: síndrome de Munchausen por procuração.
Mais não digo. Pesquisem para saber do que se trata. Afinal, estou até agora tentando entender tamanha leviandade. Muito cruel.