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Ninguém vê, “ninguém diz” – palavras quando as pessoas tomam ciência que determinada pessoa é autista, mas todos apontam os dedos se observam uma criança ou até mesmo adultos, entrando em meltdown.
Todos apontam os dedos se uma criança se balança ou se pula para cima e para baixo constantemente.
Raramente as pessoas param para refletir que aquele comportamento ‘inadequado’ pode estar ligado à falta de acessibilidade social e que gera exagerados desequilíbrios, principalmente sensoriais, em algumas pessoas: estamos falando de neurodiversidade e doenças raras.
Isso está prestes a mudar, porque projeto de lei (PL) 5486/2020, que estabelece o uso da fita com desenhos de girassóis como símbolo de identificação das pessoas com deficiências ocultas, foi sancionado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin no dia 18 de junho. Fátima de Kwant, brasileira, radicada na Holanda e ativista de longa data, é a embaixadora HDSUNFLOWER (embaixadora do cordão de girassóis para doenças invisíveis – tradução livre da autora) para a América Latina.
Mas porque girassóis e não o cordão de peças de quebra cabeças?
Primeiramente, porque as peças de quebra cabeças são específicas para indicar o autismo. E a campanha é sobre condições invisíveis, acolhendo a todos para maior acessibilidade.
Em segundo lugar, em toda a Europa, o cordão de girassóis é amplamente reconhecido e respeitado, principalmente nos aeroportos. Aeroportos são locais geralmente de longas filas e espera, contexto perfeito para crises de toda forma: pânico, ansiedade, desregulação sensorial, angústia. Um evento de meltdown em um aeroporto, além de constrangedor, pode ser perigoso, justamente pela falta de informação da população geral. O cordão, facilita a identificação da pessoa e ela poderá receber o acolhimento necessário.
Precisamos entender que a identificação das “Hidden diseases” é salutar para informar que elas existem e estão entre nós. Ela ajuda no combate ao preconceito e discriminação, oferecendo a informação correta ao observador, aquele que julga comportamentos ‘esquisitos’, comportamentos de ‘gente louca’ e que dizem: ‘mas precisava de tudo isso?”.
Sim, precisava, se não precisasse não teria acontecido. Cérebros processam informações de formas diferentes entre as pessoas.
Mas, usar o cordão não rotula a pessoa? A pessoa já é rotulada, mas por palavras chulas que não representam o enorme esforço diário a que são submetidas diante de uma sociedade não acessível. Palavras como: louco, esquisito, estranho, maluco, retardado, exagerado, psicopata, mimado; apenas para citar alguns exemplos dos ‘rótulos sociais’ impostos quando se permite a ignorância sobre algo que existe e precisa ser conhecido.
Aderir à campanha é informar; é tornar visível o que passa desapercebido pelas autoridades que negam atendimento adequado e acolhimento.
Um jardim de Girassóis pode mudar políticas públicas; pode mudar uma sociedade que insiste em negar a presença de pessoas que necessitam de mudanças em acessibilidade já.
Vamos juntos mudar os rótulos.
Vamos florir esse continente e mostrar flores raras que embelezam nossas vidas com sua diversidade.