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Muito se fala no tal hiperfoco, mas o que realmente é isso e como isso funciona para a pessoa autista?
Definindo, hiperfoco é uma capacidade de focar intensamente em algo. No autismo, isso é muito presente, e as pessoas que estão dentro do espectro costumam vivenciar essa realidade no seu cotidiano.
Não podemos confundir o hiperfoco com compulsão. Aqui, é preciso salientar que, enquanto o comportamento compulsivo traz um sofrimento ao indivíduo, podendo até mesmo se caracterizar como um transtorno (TOC), o hiperfoco geralmente gera um prazer ao interagir com o objeto de interesse, e isso não costuma causar aflição.
Claro que, para ser mais justo, não causa aflição à pessoa que está exercendo seu hiperfoco. Entretanto, pode sim causar incômodo aos outros e atrapalhar em aspectos de interação social e aprendizado, por exemplo.
Reparem também que o hiperfoco vai muito além de simplesmente gostar bastante de algo. É comum ouvir de pessoas neurotípicas afirmações como: “eu também gosto muito de determinado assunto, mas não fico falando nisso o tempo todo”.
E é aqui que precisamos entender que as intensidades entre o gostar de algo e o hiperfoco se dão de maneira bem diferente. Inclusive, o diagnóstico do autismo tem por base esse critério. O interesse restrito é tão acentuado que pode colocar a pessoa dentro do espectro do autismo. E o hiperfoco é fruto desse interesse restrito. Assim a pessoa, por focar muito em algo, acaba por perder outros contextos no seu desenvolvimento.
E isso é o que explica como o hiperfoco, apesar de ser algo prazeroso para a pessoa autista, nem sempre é benéfico para si próprio e para o meio em que ela se apresenta. Interagir com alguém que só está interessada em um mesmo assunto não é fácil. Aprender e expandir interesses e conhecimentos não é fácil quando sua mente só trabalha em função de seu hiperfoco.
Por isso, é essencial que, ao tratar uma pessoa autista, ao interagir ou ao ensinar, se use esse hiperfoco ao seu favor. Lutar contra esse interesse não é bom negócio, pois é uma batalha que quase sempre será perdida. Então, faça uso desse foco para se conectar com a pessoa e, através desse ponto de interesse, busque expandir para outros assuntos sempre relacionando com aquilo que interessa ao indivíduo. Use essa característica para adentrar no “mundo daquele autista” e, assim, ganhar sua confiança e fazer com que ele se interesse por você, além do foco a que possa estar restrito naquele momento.
É possível sim transpor a barreira do hiperfoco e fazer com que esse fator seja uma característica que traga apenas vantagens à pessoa autista e àqueles que a cercam. Lembrem-se de que, como tantas outras coisas no autismo, o hiperfoco é algo complexo, mas também é algo lindo que dá ao ser autista um lado único que pode trazer coisas maravilhosas para o mundo.