5 de dezembro de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Felizmente, temos cada vez mais profissionais estudando e se especializando no que diz respeito ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Acreditem: há menos de duas décadas, a situação era bem diferente. Encontrar um profissional que entendesse de TEA era uma raridade. Para que alguém tivesse a oportunidade de conhecer algum, era preciso a soma de vários fatores.

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Com isso, o que tínhamos eram diagnósticos equivocados, conclusões precipitadas e a perda de oportunidade de conseguir um tratamento adequado no melhor tempo para a pessoa, em que se pudesse ser aproveitado todo o potencial da neuroplasticidade.

Era comum ver pais e mães que suspeitavam que o desenvolvimento do filho não estava de acordo com os seus pares da mesma idade voltarem para casa após uma consulta com o pediatra apenas com a famigerada afirmação de que cada criança tem seu tempo e que logo iria falar ou andar, que bastava ter paciência.

Receber um diagnóstico após a infância, então, enquanto adolescente ou adulto, era quase impossível! Porém, ainda hoje, pasmem, temos grandes problemas nessa questão, apesar dos grandes avanços no conhecimento acerca do autismo.

Muitos mitos ainda persistem e rondam o TEA. E, apesar de termos os critérios de diagnóstico mais bem definidos, mais especialistas muito competentes, ainda temos muitos profissionais que emitem opinião mesmo sem ter o embasamento necessário para isso.

Não é incomum que alguém, ao buscar sanar uma dúvida sobre o filho ou si próprio em relação ao autismo ou a atrasos no desenvolvimento, ouça da boca de um profissional, médico, psicólogo entre outros, que a pessoa não pode ser autista, porque fala, porque casou, porque trabalha, porque não teve atraso de fala, porque olha nos olhos, porque não é gênio, porque não apresenta fala com maneirismos, porque tem amigos, etc.

E aí é que está o grande problema de tudo isso. Como eu disse, há algumas décadas, quase não tínhamos profissionais que entendessem profundamente do TEA, mas hoje temos muitos e tornou-se muito mais fácil indicar algum especialista para analisar algo que não temos como responder.

Não é papel da família ou da própria pessoa fazer seu próprio diagnóstico. A eles, cabe suspeitar e procurar ajuda e, quando a buscam, por não saberem exatamente o que está causando aquela demanda, muitas vezes não sabem ao certo qual especialidade profissional procurar, então cabe ao profissional ter a iniciativa de encaminhar para o especialista mais adequado.

É questão de ética entender que não sabe o suficiente para dar uma resposta embasada em estudo, tecnicidade e evidências. Do contrário, estará apenas opinando sobre algo que não domina, e o verdadeiro especialista não opina, reponde com todo o peso de seu conhecimento. O bom profissional não pode se dar ao luxo de apenas opinar. Dizer que não sabe e encaminhar para um colega que entenda mais do assunto não faz de você inferior, apenas faz de você um profissional melhor ainda.

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Presidente da ONDA-Autismo e membro do Conselho de Autistas; ativista; administrador da página @autiesincero no Instagram, servidor público federal, palestrante e escritor.

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