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Quando minha esposa e eu adotamos o nosso filho, ele tinha 10 meses de vida e seu desenvolvimento estava de acordo com o esperado. Logo após completar 1 ano, notamos que ele não falava nenhuma palavra.
Começamos a investigar, fizemos audiometria, ressonâncias, eletroencefalograma, e chegamos ao ponto de fazer exames de cariótipo, que nada mais é do que uma foto dos nossos cromossomos.
O tempo foi passando e ele completou 2 anos. Todos a nossa volta diziam que criança é assim mesmo: cada uma tem seu tempo. Sempre vinham com a história da amiga, da vizinha que tinha um afilhado que começou a falar com 4 anos e agora é um cientista. Discurso feito até pelo pediatra do meu filho.
Quando ele completou 2 anos e meio, resolvemos matriculá-lo em uma escolinha, pois ele vivera 10 meses em um abrigo e devia ter faltado estímulos. Eu estava tão certo e tão convicto desta teoria que nem me preocupei.
Ele começou na escolinha e, passados alguns dias, a psicomotricista solicitou uma reunião em que sugeriu que marcássemos uma consulta com um neuropediatra. Fizemos o sugerido, no relatório dela o Gabriel estava descrito exatamente como ele era, e seguimos em frente.
Até me lembro que, no dia da consulta, meu filho começou a uivar, imitando lobos que ele tinha visto em algum desenho recente. Minha esposa e eu demos risada.
A doutora nos chamou, conversou conosco por 10 minutos enquanto observava o Gabriel e disse:
⎼ Seu filho tem autismo.
Apenas choramos e foi assim até chegar em casa.
E seguindo a orientação do livro Autismo – Não espere, aja logo! saímos em busca de ajuda. Iniciamos terapias e começamos com a fono e a psicóloga.
Quando perguntamos para a fono se um dia ele viria a falar, ela respondeu com toda certeza do mundo:
– Não sei. Mas o fato de não falar, não significa que ele não possa se comunicar. A comunicação vai muito além da fala.
Com o passar do tempo, aprendemos a ouvi-lo e a traduzir suas tentativas de comunicação verbal.
Boacha é bolacha, piti é pizza, gogó é leite com achocolatado e batata ele sempre falou certinho.
Quando estamos junto com ele a comunicação é mais fácil, pois minha esposa e eu viramos seu tradutor. Mas, e quando não estamos, como ele poderia fazer?
Em terapia, ele aprendeu a usar a prancha de comunicação e passou a ter uma qualidade de vida muito melhor. Quando ele quer alguma coisa, basta pegar a figurinha e mostrar para quem estiver próximo dele.
Com o passar do tempo, algumas figuras se perderam, transportar o fichário para todos os lados começou a se tornar uma atividade complicada e começamos a usar aplicativos de comunicação alternativa. As duas propostas funcionam muito bem e podem ser até complementares.
Sei que sou suspeito para falar, mas super recomendo o aplicativo Matraquinha 😉
Dê voz a quem você ama!