18 de junho de 2020

Tempo de Leitura: 2 minutos

Esses tempos de isolamento social forçado nos trazem uma importante lição: não temos o controle sobre nossas vidas! O autista está sempre se planejando, criando rotinas, traçando caminhos bem projetados para a vida, mas… coisas acontecem! Sim, meus caros leitores, as nossas listas são meros alentos à nossa mente ansiosa por padronização. Devemos ter a consciência disso e nos preparar para os imprevistos. Não digo para abandonarmos nossas listas e viver enlouquecidamente o hoje, mas que a gente consiga, de improviso, readaptar nossas tarefas programadas. 

Que tal se a gente parasse um pouco e tentasse relacionar o que a mudança nos trouxe de bom? No meu caso, estou trabalhando de casa. Não tenho que pôr aquela roupa desconfortável, nem calçar sapatos (odeio sapatos!), e estou só, trancada no escritório da minha casa, autistando à vontade e dando um tempo de tanta socialização que às vezes me sobrecarrega. As reuniões agora viraram e-mails bem explicados, que eu posso reler quantas vezes eu precisar para entender, e quando tenho uma dúvida posso simplesmente enviar uma mensagem a algum colega. Vários pontos positivos! 

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Matraquinha

Nesses quase trinta anos de idade, aprendi que a mudança não é integralmente boa, nem ruim. No fim das contas, a vida é só o que a gente faz com o que vai acontecendo com a gente. A essa altura do texto, você deve estar pensando que só escrevo essas coisas porque não tenho problemas e a minha maior frustração até hoje foi abrir o pote de sorvete que estava no freezer e achar feijão! Mas acredite em mim, minha vida dá um roteiro de novela mexicana, dessas que se reprisam às tardes na TV aberta. Eu descobri há pouco tempo que sou autista, e cresci acreditando em cada absurdo que falavam sobre mim. Desde então, eu venho tentando descobrir quem eu sou. 

A única certeza que tenho até agora é que tudo o que passei me fez ser quem eu sou neste exato momento escrevendo este texto. Os imprevistos vão continuar acontecendo e no fim, a felicidade é uma escolha que você refaz a cada minuto. Eu poderia estar bufando com os meus vizinhos que também estão em quarentena e não param de fazer barulho, mas escolhi colocar uma música que amo e cantar junto, e isso me fez lembrar de mais uma vantagem de trabalhar em casa, posso cantar alto mesmo sendo super desafinada!

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Livro ‘Propósito Azul’

André e a Turma da Mônica em: ‘Sem surpresas’

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