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Nunca foi tão necessário falar sobre a importância de olharmos para populações mais vulneráveis quanto nesta fase de COVID-19, com todos os seus impactos na saúde, economia, educação e trabalho.
Dentre os mais vulneráveis, seguramente, o risco para a população com autismo é enorme. Falando em trabalho, o risco de aumento significativo de desemprego pode atingir pessoas neurodivergentes e medidas de proteção para a permanência no emprego devem ser fomentadas e discutidas com as empresas. Outra preocupação é a redução de oferta de vagas no mercado de trabalho para pessoas autistas e pessoas com deficiência. Neste mês de abril, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que os direitos humanos universais, incluindo os direitos das pessoas com deficiência, não devem ser violados no momento de uma pandemia. Disse ainda que os governos têm a responsabilidade de garantir que sua resposta inclua pessoas com autismo.
Nesse contexto de preocupações e impactos da pandemia, esta coluna volta a compartilhar as boas práticas de inclusão profissional, com qualidade, relacionadas às pessoas autistas. Com muito orgulho, hoje falamos da experiência do Itaú, maior banco brasileiro e também um dos maiores contratadores de pessoas neurodivergentes no Brasil. Mas porque e como esse banco começou a contratar profissionais autistas? Qual foi a motivação? Bem, aqui temos uma bela história que começa com o coração. Como assim? O contato inicial para apresentar o projeto para a instituição aconteceu por intermédio da mãe de uma criança autista, Betina Breitschwerdt Raposo. Ao descobrir a iniciativa da Specialisterne, Betina pediu ao seu marido, Ricardo Leite Raposo — na ocasião, um colaborador do Itaú —, que fizesse contato com a organização para verificar possibilidades de parceria visando a criação de um projeto de neurodiversidade no banco.
Note-se que o beneficiário não seria sua própria família, pois seu filho era criança, mas sim outras pessoas e famílias que convivessem com a realidade do autismo. Por isso o projeto começou com o coração, mas é claro que a cultura de valorização da diversidade naquela empresa foi um campo fértil para podermos iniciar o projeto. E assim começamos esta história de inclusão no Itaú, por onde já passaram mais de 30 profissionais com autismo, demonstrando o potencial das pessoas neurodivergentes. “Eles (os profissionais com autismo) trouxeram valor para a área, não só sob a ótica do trabalho, no desempenho nas atividades, mas também em desenvolver um lado humano da equipe, um ambiente de inclusão e de diversidade. É um projeto muito bonito”, afirma Raposo, hoje conselheiro da Specialisterne.
“Demos início, em 2017, à contratação de profissionais com Transtorno do Espectro Autista (TEA), um projeto em parceria com a Specialisterne. Em pouco tempo, observamos nos profissionais admitidos por meio do programa a concentração, o foco, a habilidade na revisão de conteúdo e na otimização de processos. Eles atuam principalmente em áreas que exigem raciocínio lógico e analítico, como modelagem financeira, e suas habilidades para resolver problemas complexos têm trazido resultados consistentes para o banco. Além disso, os consultores com TEA estimulam os colegas a adotar um olhar diferente para as questões do dia a dia, contribuindo para a inovação e o desenvolvimento individual de todos”, diz Camila Udihara, Superintendente de Diversidade do Itaú-Unibanco.
Registro meu agradecimento ao Itaú por acreditar no projeto e contribuir com a criação de empregos para as pessoas com autismo no Brasil. E nosso eterno agradecimento à querida Betina (em memória), ao Raposo e seus filhos, responsáveis pelo início dessa trajetória que vem impactando muitas vidas.