1 de setembro de 2020

Tempo de Leitura: 2 minutos

– Morde a “borrachinha”! (mordedor infantil)

– Aperta o “porquinho”! (um travesseiro bem fofinho com uma espécie de areia dentro)

– Olha pra mim!

 -Respira e inspira!

– Cuidado!

Acredito que em seu arsenal existam inúmeras frases e ações para tentar direcionar algumas crises, comportamentos ou estereotipias consideradas como auto agressões.

O desgaste físico e emocional que sofremos diariamente assemelha-se ao estresse apresentado por soldados combatentes, segundo estudo feito com famílias norte-americanas e divulgado no Journal of Autism and Developmental Disorders.

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Essa é uma batalha contra um inimigo que sempre está um passo à sua frente e as “armas” que o autismo possui são muito mais poderosas que as suas.

Nossas “armas” são apenas a nossa vivência e as orientações que recebemos dos terapeutas.

Somos humanos e não super-humanos como nossos amigos e parentes acham que somos, perdemos a paciência de vez em quando, e esse é um dos piores momentos.

Se tentar atingir o autismo, o seu ataque será ricocheteado e acertará no lugar onde mais lhe dói.

As marcas destas batalhas poderão ser irreversíveis se continuarmos nela, vejo relatos de famílias que simplesmente se desmancham por causa desta condição e nem estou levando em conta as questões financeiras com medicações, terapeutas e médicos.

Eu não quero entrar em batalha, mas quando menos percebo estou nela, algumas vezes consigo sair, em outras me vejo dominado pelo medo de não saber como agir.

Não adianta eu querer que ele tente colorir dentro do círculo se a coordenação motora fina dele é quase inexistente; ou que ele preste atenção em mim se ele se distrai com o barulho quase que imperceptível de um interruptor.

Os comportamentos sociais são terrivelmente difíceis de direcionar quando estamos fora de casa, e muitas vezes percebo que ele se incomoda de os outros estarem olhando pra ele quando um grito ensurdecedor sai de sua garganta, ou quando as estereotipias simplesmente explodem e vêm à tona.

Aos poucos estou aprendendo e entendendo que se eu tiver que batalhar, tem que ser ao lado do meu filho e não contra. Aprendi que “remover” as estereotipias não vai curá-lo do autismo, muito pelo contrário, já está mais do que comprovado que elas servem para equilibrá-lo.

Meu papel é apresentar ferramentas para que ele consiga ter o mínimo de controle do que o autismo provoca em vez de encarar essa batalha “batendo de frente”.

Ao lutar contra o autismo, eu percebi existir alguém no meio desta batalha que vai sair mais ferido do que qualquer um, e esse alguém é meu filho.

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Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

André e a Turma da Mônica em: ‘Brincadeira nova’

Amor no Espectro, mas com spoilers

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