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Você é daquelas pessoas que fica preocupada se está com o valor exato da passagem de ônibus? Que acha complicado fazer sua carteira de estudante para depois tirar seu bilhete único e depois ficar colocando dinheiro e sempre com medo do dinheiro acabar no exato momento que você for passar na catraca?
Pois é, essa preocupação é muito recorrente para as pessoas que estão no espetro. Usa-se muito do tempo do dia pensando nesses processos e, muitas vezes com ansiedade. Situações simples para uns e preocupantes para outros. Mas preocupa mesmo? Sim, mesmo.
Recentemente estava auxiliando um autista nível 1 de suporte a solicitar seu bilhete único especial e, com algumas mudanças no site SPTrans essa tarefa também não anda nada fácil de ser concluída. Pois bem, passadas as dificuldades, conseguido o laudo, algum tempo depois aa solicitação está completa. Ai, vem o tempo de espera, que também não é pequeno. Por vezes, leva-se 60 dias para ter o bilhete único em mãos. Bem, pelo menos é tudo on-line e a entrega é via correios.
“Mas para que eu preciso do bilhete único especial? Eu posso pagar as passagens.”. É claro que em um primeiro momento, o bilhete único especial é pensado para as famílias que não possuem poder aquisitivo para o transporte de acompanhantes e das pessoas com deficiência para o ir e vir de atendimentos. A gratuidade no transporte favorece a frequência dos atendimentos: essencial para muitas famílias.
Mas há ganhos secundários desse direito que muitos desconhecem.
“Se soubesse que ganharia tempo mental, já teria feito antes.” Sim, tempo mental. Se você é a pessoa do primeiro parágrafo, sim, você deixa de pensar na passagem, e, para muitos, esse pensar na passagem, por vezes são longos períodos de tempo que, se um colega sai da escola ou escritório com você para o mesmo ponto de ônibus ou metrô, você nem percebe. Os desdobramentos dos ganhos em se usar o bilhete único especial são inúmeros e, diferentes para cada usuário.
Tenho auxiliado muitos jovens na construção da aceitação do uso do bilhete único especial. Primeiro passamos pela aceitação moral de alguns; a de não precisarem financeiramente. Depois, pela aceitação de tornar o laudo público ao usar um direito PcD. Em terceiro lugar, pelo processo como um todo de cadastro, senhas, envio de anexos, que, eu confesso, dá vontade de desistir as vezes. E aí, finalmente, a espera da chegada.
Infelizmente, esse serviço público, especificamente para pessoas com deficiência, não é escrito em linguagem simples, dificultando a acessibilidade e compreensão das informações.
Quais os estabelecimentos autorizados?
Estabelecimento público, filantrópico ou privado, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), de livre escolha do interessado para efeito de emissão de Formulário Médico e/ou Relatório Funcional para solicitação do “Bilhete Único Especial da Pessoa com Deficiência”;
Para emissão do formulário, é necessário efetuar login/cadastro nos campos abaixo.
Em que essa informação colabora para o processo de solicitação de bilhete único especial para um jovem autista de 16 anos, por exemplo?
Bem fica aqui um alerta para minimizar a frustração de quem acha que a solicitação é simples e, fica também um pedido aos órgãos públicos: usem linguagem simples; sejam acessíveis aos seus usuários e incentivem a autonomia e independência.