3 de julho de 2023
Tempo de Leitura: 2 minutos
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Primeiramente, é importante entender o que é o paradigma da complexidade. Esse paradigma parte do pressuposto de que o mundo é constituído por sistemas complexos, ou seja, sistemas compostos por muitos elementos que interagem entre si de forma não linear e imprevisível. Nesse sentido, a complexidade é vista como uma característica intrínseca do mundo, e não como algo que pode ser reduzido a partes simples e isoladas.
Quando aplicamos esse paradigma à compreensão do autismo, percebemos que essa condição não pode ser entendida simplesmente como uma disfunção do cérebro ou como um conjunto de sintomas comportamentais. Pelo contrário, o autismo é um fenômeno complexo que envolve diversos aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
É aqui que entra o modelo biopsicossocial da deficiência. Esse modelo propõe uma abordagem mais ampla e integrada para entender as deficiências, incluindo o autismo. Em vez de focar apenas na pessoa com deficiência, o modelo biopsicossocial considera o contexto social e cultural em que essa pessoa está inserida, bem como as barreiras que ela enfrenta em relação a acessibilidade, participação e inclusão.
Essa abordagem reconhece que a deficiência é um fenômeno complexo e multidimensional, que não pode ser reduzido a uma única causa ou fator. Ao mesmo tempo, ela valoriza a diversidade humana e reconhece que cada pessoa com deficiência tem suas próprias necessidades e capacidades.
No caso do autismo, o modelo biopsicossocial entende que essa condição é influenciada por fatores biológicos, como a genética e a neurociência, mas também por fatores psicológicos, como a cognição e a linguagem, e por fatores sociais, como a cultura e a interação com outras pessoas.
Além disso, o modelo biopsicossocial enfatiza a importância da inclusão social e da acessibilidade para as pessoas com deficiência, incluindo as pessoas autistas. Isso significa garantir que essas pessoas tenham acesso a serviços de saúde, educação, trabalho e lazer, bem como promover uma cultura de respeito à diversidade e à diferença.
Diante desse contexto, olhar para o autismo por essa ótica da complexidade proporciona um afastamento das estruturas reducionistas com que a sociedade lidou com as pessoas autistas por muito tempo e abre novas possibilidades de entender pessoas com uma perspectiva ampla, respeitando todas as características inerentes ao existir sem delimitar apenas por um transtorno.
Por Fábio Cordeiro
Presidente da ONDA-AutismoS