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O pastor da Assembleia de Deus de Tucuruí Washington Almeida foi alvo de críticas nas redes sociais. Isso por dizer em uma pregação que a causa do autismo é uma visita do diabo no ventre materno. Essa ideia é problemática por uma série de razões, que vão desde a utilização da fé para contradizer reflexões científicas mais consolidadas até a associação da condição autista como algo demoníaco. Pelo que conheço da perspectiva cristã, penso que esse seria o nível mais baixo a que uma coisa negativa pode chegar. Sem contar que, ao associar a igreja a esse tipo de comentário, o pastor acaba depondo contra pessoas que praticam o evangelho de maneira mais fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo.
Então, eu entendo a dor que uma declaração infeliz dessas provoca em quem a ouve. Mas, também me preocupa a dor que pode levar alguém a acreditar ou mesmo a afirmar algo assim. Afinal, a gente sabe que ser autista ou conviver no dia a dia com autismo pode ser muito doloroso. Essa vivência não acontece geralmente por causa do autismo em si, mas principalmente por interação com a falta de acessibilidade social. A sociedade ainda sabe muito pouco e a tentativa de enquadrar autistas em modos de comportamento mais pasteurizados tende a trazer um sofrimento ainda maior. Agir com agressividade, como se fosse um demônio a ser combatido, é algo que já foi feito com o uso de palavras menos literais. E isso nunca deu certo!
Tais posições são mais do que controversas ou percepções distorcidas, enviesadas. Há, por trás do discurso, muita desinformação para lidar com o sofrimento. E isso é algo extremamente perigoso. E mesmo que o pastor tenha se desculpado, o mínimo que se espera de uma pessoa pública é uma responsabilidade ética com a mensagem que transmite. De qualquer forma, espero que ele tenha aprendido com a situação e seja mais cuidadoso daqui para a frente.