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Essa semana, enfrentei uma ‘overdose’ de meu jeito autista de ser. Em primeiro lugar, comecei fazendo um teste de avaliação neuropsicológica. O objetivo era reorientar meu acompanhamento terapêutico. Foi o que bastou para a ansiedade e o medo começarem. E ainda, teria de me preparar para a viagem que eu faria. Minha mala estava pronta há um mês. Ainda tinha a preocupação com minha filha, que não iria. Conclusão: estresse nas alturas.
“Eu também sou assim”
Pior ainda é tentar desabafar com alguém e ouvir: “Não é só autista não. Da mesma forma, eu também sou assim”. O que as pessoas desconhecem é a intensidade dessas emoções para o cérebro neurodivergente. Se elas são grau 10 para o neurotípico, para o autista o grau é 1000. No meu caso, são anos repetindo certas ações. E sempre com a sensação de desamparo. Pondero que são armadilhas do cérebro. Mais uma tentativa frustrada. Ou seja, nem mesmo assim, eu consigo me livrar do aperto no peito.
Sabedoria da psicóloga
Ao terminar minha avaliação neuropsicológica, dentro do uber, escrevi para a psicóloga: “Já sei o resultado: Tenho personalidade distorcida, sou medíocre e lenta”. A resposta dela: “Vou trocar as definições para mudar sua distorção cognitiva. Medíocre não, ansiosa. Lenta, não, perfeccionista e rígida. E mais: personalidade distorcida nem existe….”
Autoaceitação
Depois do diagnóstico, me reconheci. Aceitei minhas características. E mais: estou aprendendo a lidar com elas. Um dia de cada vez. Com autorrespeito e amorosidade. Hoje, consigo fazer este texto, mesmo sabendo que viajo amanhã, bem cedo. E, claro, vou ter orgulho de mais uma vitória. Viajar ainda me exige muito esforço.