13 de janeiro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

O que são os gatilhos na vida de um autista? Quando se é íntimo de um, é bom saber ou ter uma ideia, pelo menos. No texto anterior do Blog, ‘Diagnóstico e o reconhecimento autista‘, eu falei de algumas situações vividas por mim, ao longo da vida, que são gatilhos para um colapso. Mas, o que são esses tais gatilhos?

O que são os gatilhos

Um gatilho é um lembrete de uma forte emoção, de uma dor emocional ou até mesmo de um trauma passado. Assim, esse lembrete pode levar uma pessoa a sentir tristeza, raiva, medo, ansiedade ou pânico. Também pode fazer com que alguém tenha flashbacks. E vale para todas as pessoas. Então, qual é a diferença na vida de alguém que está dentro do TEA – Transtorno do Espectro do Autismo?

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Os gatilhos na vida do autista

Na vida do autista, os gatilhos, normalmente, geram as crises ou colapsos. A pessoa se lembra de alguma situação que trouxe desconforto e se desregula emocionalmente. Assim, apresenta uma série de comportamentos estressantes. Aliás, o estresse se espalha pelo ambiente quando, quem está à volta, não sabe lidar com a situação.

Dessa maneira, é importante dizer que o gatilho não é a causa desse desconforto. Se quem está à volta tentar resolver o fato em si, estudando o contexto, não será bem-sucedido. A causa é mais profunda e está lá atrás.

As causas e os gatilhos na vida do autista podem surpreender você

Na segunda-feira, dia 05 de dezembro, tinha horário marcado com minha dentista. Finalmente, depois do meu diagnóstico chego a uma fase em que me sinto segura para ousar. Então, resolvi ir de carro. Eliminei fatores que poderiam me estressar como chegar atrasada, ficar presa no trânsito, não encontrar vaga. Resolvi correr risco calculado. Como? Por exemplo, eliminando tudo que poderia dar errado. Assim, só me ocuparia do que fosse, de fato, imprevisível.

Saí de casa 1h40 antecipada, estudei o melhor trajeto, escolhi um estacionamento perto de onde eu iria. Porém, ao chegar lá, me deparei com um bairro tradicional, num ponto em que me lembrou quando eu era criança e percebi que havia lugares bem diferentes de onde eu morava: a Vila dos Marmiteiros.

Desse modo, senti o mesmo aperto em meu coração ao observar as casas, as árvores, os fios desgrenhados, a cor cinza predominante… Aliás, era muita informação visual e, ao mesmo tempo, pesada, tenebrosa. Senti, ainda, a mesma insegurança de quando era criança. Eu estava lá sozinha. Era um local que parecia não ter moradores. Muito menos vizinhos que conversassem entre si.

Alguns passos depois, finalmente, entrei no prédio moderno de minha dentista. E o que era melhor, além de dentista, uma amiga querida. Finalmente, consegui me controlar e recuperar a sensação de segurança, sem ceder ao aperto em meu coração que, certamente, iria deflagrar uma crise daquelas. É muito bom receber o diagnóstico, mesmo que tardio. É o passe livre ao nosso autoconhecimento. Entendedores, entenderão.

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Jornalista e relações públicas, diagnosticada com autismo, autora dos livros "Minha Vida de Trás pra Frente", "Dez Anos Depois", "Camaleônicos" e "Autismo no Feminino", mantém o site "O Mundo Autista" no Portal UAI e o canal do YouTube "Mundo Autista".

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